Como resolver as questões magnas da nossa economia, das nossas finanças, do trabalho nacional e da produção do País; e como estabelecer um largo plano com que solucionar as necessidades básicas da nossa vida material; e como sacudir num trabalho intenso e poderoso a máquina administrativa da nação; e como coordenar todas as forças da Pátria numa arrancada gloriosa de realizações, se nos falta o principal, que é a honestidade privada, a qual desaparece desastrosamente em todas as classes sociais?
E como restaurar o teor saudável da vida pessoal de cada um, se não encararmos de frente e resolvidos a solucioná-lo, o problema do Espírito, ou melhor, o problema da Alma do Homem?
Por isso insisto, repito, repetirei sempre, teimosamente: o problema do mundo de hoje é, antes de tudo, espiritual, religioso.
(O Ritmo da História, pág. 144)
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Se alguma coisa ainda pode salvar a Humanidade neste instante é o amor, a bondade, a misericórdia, a paz de espírito.
E essa só pode ter a Nação organizada, sem “partidarismos”, com sentimento de autoridade, com respeito pelos valores intelectuais e morais, e não pelos valores dos Bancos e pelas exibições de riquezas, de luxo e de brutalidade.
(O Sofrimento Universal, pág. 82)
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De nada valem regimes, reformas constitucionais, medidas legais, planejamentos econômicos, financeiros, administrativos, se não pusermos, na base de tudo, as energias puras da Pátria representadas pelo Homem Novo.
Mas o Homem autenticamente novo há de ser livre de todos os vícios que envelheceram os velhos e os tornaram incapazes.
Se, portanto, levantarmos a Mocidade, como fez o Infante D. Henrique, poderemos iniciar o Grande Poema da Grande Pátria.
E um dia se poderá dizer, desta hora tristíssima que passa e da hora jubilosa que virá, as palavras da estrofe camoneana:
Depois de procelosa tempestade,
noturna treva e sibilante vento
traz a manhã serena claridade,
esperança de porto e salvamento…
(Reconstrução do Homem, pág. 184)
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…os que são moços pertencem à outra Humanidade que está nascendo. E que saberá, em cada país, criar novos padrões de cultura, de moral, de direito, de administração e de política. E criará uma nova autoridade, baseada numa concepção de origem e de finalidade do mundo. E criará um novo processo de relações sociais e econômicas. E criará o Estado Integralista, consultando, a um tempo, a aspiração do Infinito da criatura humana e as contingências da vida material. O Estado que salve o homem da ditadura cruel do materialismo finalista e da ditadura sem finalidade da plutocracia democrática e das oligarquias políticas e financeiras. O Estado que defenda o Indivíduo contra a Sociedade e a Sociedade contra o Indivíduo. O Estado que seja o impositor do equilíbrio, o mediador máximo, o juiz, o orientador, o propulsor. O Estado capaz de renovar-se por si mesmo, “de conformidade com as novas e crescentes necessidades da vida humana” [1]. O Estado que procure suas origens na própria origem do Universo e do Homem. E rume para a finalidade suprema do Espírito, integrando nas suas próprias forças todas as forças humanas superiores. O Estado que faça circular as produções estagnadas e arranque da avareza acumuladora do ouro o cetro com que esta impera sobre os governos do mundo, anestesiados pela falsa democracia.
Esse estado realizará a possível felicidade na Terra, baseada na confiança em Deus, no amor do próximo, sem precisar excluir os valores científicos, mas subordinando a ciência a um pensamento superior de finalidade humana.
A filosofia, a sociologia, a economia, a ciência, a literatura, as artes, a política terão no novo Estado a sua expressão integral.
No Brasil, esse Estado será realizado um dia e marcará o início de uma era em que se afirmará a Quarta Humanidade.
(A Quarta Humanidade, Obras Completas, Vol. 5, pág. 64).
Augusta Garcia Rocha Dorea
Nota:
[1] Psicologia da revolução, de Plínio Salgado.