Amanheceu o dia 21 de fevereiro de 2021 nublado, triste, ameaçando chuva que não vinha, ao menos até aquela altura. O céu parecia querer chorar desde o começo da manhã. Às 9 horas, tomei conhecimento do falecimento do Companheiro Gumercindo Rocha Dorea, e então, e só então, as gotículas da chuva caíram e o céu chorou ameno junto com minha alma, que entristeceu-se na surda tristeza dos homens de convicção, tristeza com que pensamos agradecidos e consternados ao mesmo tempo, nas trajetórias aventurosas e trágicas dos heróis.
Aos 95 anos partiu o companheiro Gumercindo para a grande e última jornada, no caminho reto daqueles que cumpriram seu dever. Voltou finalmente para Deus, transferido para a Milícia do Além, o companheiro amável que conheci aos 14 anos, e que me ensinou, entre outras coisas, o Integralismo de Plínio Salgado, o Integralismo do Manifesto de Outubro de 1932. Deus não faltou ao nobre Gumercindo no momento supremo, permitindo que tudo colaborasse para que seus companheiros pudessem dele se despedir. Tive uma imprevista folga naquele dia. Outro companheiro, que ia casar-se, por motivos burocráticos-administrativos, não pôde fazê-lo; mas tendo vindo de longe para o casório, pôde então, no horário antes previsto para o matrimônio, participar da Cerimônia Fúnebre desse homem especial. Um visionário, de vida dedicada à verdade, à cultura, ao amor pelo Brasil — homem de talento intelectual e moral que o fez uma liderança pelo exemplo até o último e derradeiro suspiro.
Gumercindo Rocha Dórea ocupava, até ali, o cargo de Presidente de Honra na Frente Integralista Brasileira. Estava seguindo à risca a quarentena imposta pela pandemia, quase incomunicável desde que se iniciou o isolamento social. Uma anemia profunda, porém, levou-o para UTI. Lá, apresentou sinais de melhora, levantou-se e leu um pouco. Infelizmente, depois da súbita melhora, piorou rapidamente. Não pôde resistir a essa última e decisiva batalha.
Não resistiu a essa batalha porque ela foi apenas o grande final da peregrinação terrena de um grande homem, cheia de lutas e conquistas. E agora, cremos, recebeu a coroa de seus méritos: a vida eterna ao lado do Divino Mestre, Jesus Cristo, a quem serviu com tanto denodo e obstinada determinação filial. Sua lembrança carinhosa, paternal, permanecerá sempre viva na mente e nos corações dos seus companheiros Integralistas, que por todas as gerações, vão chamar seu nome. Porque Gumercindo Rocha Dórea vive também na Milícia do Além, o coração de seus companheiros de ideal, que dele nunca hão de se esquecer.
Deu-se o seu falecimento. Reunimos uma decúria de Camisas-Verdes do Núcleo da FIB-SP no Cemitério, para lhe prestar as últimas homenagens, como manda a fé e determina a doutrina sigmática. Fizemos como manda nossos Protocolos e Rituais. Fizemos a chamada simbólica do Companheiro Gumercindo Rocha Dórea. Saudamo-lo com os últimos três Anauês, raros, de ocasiões felizes e também tristes.
Conversando com a filha do nosso companheiro Gumercindo, contou-me ela que ficava muito feliz com o trabalho realizado pela Frente Integralista Brasileira. Esta representa e defende o verdadeiro Integralismo pelo qual tantos homens bons, como seu pai, tinham dedicado suas vidas. Contou-nos depois uma história das mais belas, dessas que conseguem iluminar até mesmo uma página tão triste, a página última da vida terrena. Nos últimos momentos, nos momentos finais, nos delírios próprios de ocasiões assim, nosso companheiro murmurava, pedindo que fosse levado a Brasília, pois ele precisava barrar um plano terrível contra o Brasil, e dizia que só os integralistas tinham a solução do problema. Foi impossível a quase todos nós, camisas e blusas verdes, conter a emoção, emoção de verificar com que lealdade o Presidente de Honra da Frente Integralista Brasileira levou, até o fim, a verdade sobre o Integralismo. Nos dias que se seguiram, eu não pude me pronunciar, tamanha a emoção que me dominava (e domina até agora, enquanto escrevo).
Pela Frente Integralista Brasileira, mais uma vez, como fez nos Águias Brancas, no PRP e em tantas outras agremiações anteriores, o Sr. Gumercindo Rocha Dorea havia lutado para mostrar a verdade sobre o Integralismo. Tanto é assim que as Edições GRD, editora fundada pelo próprio Gumercindo, apresentaram uma obra fantástica nesse sentido, escrita por Jayme Ferreira da Silva, outro companheiro nosso, com exatamente esse título: “A Verdade sobre o Integralismo”. E essa obra veio no meu coração e na minha mente, veio já naquele momento, ainda na despedida do Grande Presidente de Honra. E decidi colocá-la à disposição do grande público, como uma forma singela de homenagear este grande Homem que é Gumercindo Rocha Dorea.
Apontamentos sobre o livro “A Verdade sobre o Integralismo”
Sobre o livro “A Verdade sobre o Integralismo” de Jayme Ferreira da Silva, não posso deixar de tecer algumas considerações. O livro é um marco na luta do verdadeiro Integralismo contra o falso Integralismo; aquele, o verdadeiro, fundado por Plínio Salgado no Manifesto de Outubro de 1932, enquanto este, o falso integralismo, nascido a mando do Comintern da União Soviética, contrariada pelo fracasso da Intentona Comunista com que esperavam tornar o Brasil uma colônia de Moscou já em 1935, e cientes, como confirmava Prestes, da participação de integralistas no debelo da malfadada Intentona, dirigiram ordens aos comunistas apátridas do Brasil para que trabalhassem por desacreditar o Integralismo na opinião pública, acusando-nos, entre outras coisas, de “quinta coluna dos alemães”.
O pseudo-integralismo ganhou corpo depois que os Integralistas se tornaram inimigos declarados da Ditadura de Getúlio Vargas. A saber, precisamente depois que — encarnando o que é de fato o último episódio da epopéia constitucionalista de 1932 — integralistas invadiram o Palácio da Guanabara, para depor o tirano e restabelecer a constituição rasgada por ele. Ato que, infelizmente, não foi bem sucedido, e não pôde evitar fosse o País ladeira abaixo, na ditadura mais violenta alguma vez experimentada pelo povo brasileiro.
Getúlio Vargas, que controlava a imprensa com mão de ferro, politiqueiro de uma rara índole oportunista, intimado pelos Estados Unidos a acabar com o Integralismo, deu carta branca para a imprensa controlada pelo Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) fazer eco a toda a calúnia anti-integralista, levantada por comunistas, maçons e liberais. Ao mesmo tempo, a polícia calava todas as vozes que pudessem contradizer a mentira.
De sua parte, o tirano não deu-se por satisfeito. Tinha que agradar também o Tio Sam. Então prendeu, torturou, matou, um incontável número de companheiros, bem como destruiu nossos livros, jornais, filmes e revistas. Com isso julgava ter extirpado, de uma vez por todas, qualquer hipótese de num futuro o povo brasileiro tomar conhecimento do crime cometido contra a mais elevada consciência do Brasil.
Não contava o pérfido tirano, porém, com a capacidade magnética da verdadeira Doutrina do Sigma, de conquistar qualquer coração sincero e brasileiro que dela se aproximasse. Foi assim que o Integralismo verdadeiro foi renovando suas forças e seus quadros através do trabalho tenaz de homens honestos, antes de tudo, comprometidos com a verdade. Mas, efeito colateral das propagandas de Getúlio e de todas as calúnias absurdas feitas contra o autêntico Integralismo, foi o pseudo-integralismo: amálgama de todos os absurdos políticos e imoralidades que puderam inventar as mentes ignominiosas, mantido e propagado pela imprensa caluniosa e pela “pesquisa” de pseudo-intelectuais, por mais horrendo que fosse, ganhou — pasmem — seus próprios adeptos ensandecidos, que nunca leram Plínio Salgado, mas se deixaram influenciar pelos devaneios da imprensa antibrasileira, anti-integralista e a serviço dos inimigos do Brasil.
Jayme Ferreira da Silva lutava por mostrar a verdade sobre o Integralismo, combatendo com valor, da tribuna, as calúnias atribuídas injustamente ao movimento do Sigma. Hoje em dia, esta luta pela defesa do Integralismo autêntico continua como uma “vertente” de nossa ação contínua.
Mudam-se as acusações contra o Integralismo de tempos em tempos, a depender da conveniência da situação. Entretanto, nas últimas décadas, o Integralismo ganhou missionários excepcionais, capacitados para a luta pela verdade no mundo moderno. Não resta dúvida que Gumercindo Rocha Dórea foi um dos grandes semeadores de ideias do movimento sigmático, e teve papel de importância salutar na saúde do movimento integralista verdadeiro, que tem ganho cada vez mais espaço e força.
A Verdade Sobre o Integralismo é colocado pela Frente Integralista Brasileira à disposição do público geral, visando os amantes da verdade, e também seus próprios legionários, que devem conservar-se na saúde do pensamento. É sempre importante combater as calúnias atiradas contra o Integralismo, todas elas superadas em definitivo, mas que servem como um constante lembrete, a todos os homens de boa vontade, da capacidade imaginativa, maléfica, desonrada, perversa, com que os adeptos do Comunismo, do Liberalismo e da Maçonaria, presentes nos meios falantes, são capazes de atacar seus adversários perfidamente, covardemente. Não nos iludimos quanto a esses nossos adversários. Teriam enforcado centenas de milhares de inocentes, baseados em suas mentiras, se pudessem fazê-lo. Só não o fizeram graças à característica própria da verdade: esta requisita a adesão da mente honesta e, portanto, costuma obstruir os planos do mal — infelizmente, não sem luta, não sem danos.
Os Integralistas já compreenderam que os agentes corruptores do marxismo, do maçonismo e do liberalismo não possuem escrúpulos. Eles mesmos não acreditam nas falácias que propagam contra nós. Apenas esperam obter com elas o máximo possível de caos, como fizeram, por exemplo, quando levaram a França à Revolução Francesa e à Rússia a Revolução Bolchevique, através de mentiras com as quais puderam infundir paixões demoníacas na massa. Apenas paixão suficiente para desestabilizar as estruturas nacionais, mesmo que temporariamente. Porque é justamente no caos e na anarquia genocida que poderão aproveitar-se da fragilidade para expandir seu poder. Por esse motivo — sabemos —, há acusações que não passam de oportunismo: já estão os acusadores cansados, calejados mesmo, de saber que não correspondemos à natureza do que nos acusam. Ainda assim, responder é parte do trabalho para garantir que os homens de boa vontade, os bem intencionados, tenham acesso à verdade com que encontrar o fio condutor que devolve razão, e oferece conhecimento verdadeiro das questões que de outra forma permaneceriam incompreensíveis.
É no conhecimento do Integralismo autêntico que se vislumbra e se explica a grande acolhida do Sigma no Brasil. Conhecer o verdadeiro Integralismo é se libertar, sobretudo, de um estigma de “burrice crônica do povo brasileiro” que está subjacente no contraste da mentira com a realidade. Crer que o Integralismo é o pseudo-integralismo nazistóide ou fascistóide, que quer “substituir o papai noel pelo tal vovô índio”, é assumir subjetivamente que nosso povo era ou é burro o suficiente para cair nesses engodos. É justamente para cultivar a vergonha de si mesmo que se propagam tais mentiras.
Na contrapartida, conhecer o Integralismo verdadeiro é algo que faz enobrecer qualquer brasileiro, que não consegue deixar de enaltecer a grandeza de seus antepassados, e também a grandeza de seus contemporâneos dedicados a uma obra tão bela de expressão nacional de pensamento e ação. Se o verdadeiro Integralismo, o do Manifesto de 1932, é a própria consciência madura da brasilidade, o pseudo-integralismo de Moscou e Vargas não passa de mais uma anedota para humilhar o brasileiro, anedota corruptora. Aliás, corruptora como tantas outras referentes, por exemplo, à monarquia, a nossos vínculos com Portugal, a D. Pedro I e II, a nosso processo de independência, aos Bandeirantes, à nossa participação na Segunda Guerra, à Revolução de 1964, etc.
O combate ao pseudo-integralismo se faz desmontando com argumentos sérios as falácias, as mentiras, as intenções perversas, e até mesmo questionando a validade dos diplomas daqueles que continuam a ecoar essas mentiras. Afinal, a saúde das magistraturas no Brasil está em franca derrocada: basta ver o tipo de lixo que é chamado de “trabalho acadêmico”, quando não são mais que peças panfletárias.
O falso Integralismo está em franco declínio. O acesso à informação e o trabalho apostolar daqueles que cumprem as diretivas do Chefe Perpétuo Plínio Salgado, para os verdadeiros integralistas do futuro, têm ao seu lado a verdade dos documentos, dos fatos, da doutrina e da história. Graças a isso, temos firmado importantes vitórias no campo sólido da verdade, vendo, paulatinamente, todos os nossos detratores passando para o escárnio daqueles que, um dia tendo acreditado neles, agora enxergam a verdade e já se encontram despertos.
É dever da Frente Integralista Brasileira lançar sempre, mesmo que seja repetitivo, obras como A Verdade sobre o Integralismo, do companheiro Jayme Ferreira da Silva, renovando a parte da luta que requer ficar respondendo as calúnias de sempre.
Aos Companheiros Jayme Ferreira da Silva e Gumercindo Rocha Dórea,
Anauê! Anauê! Anauê!
Pelo bem do Brasil,
Anauê!
Moisés J. Lima
Presidente Nacional da Frente Integralista Brasileira