Toda a mídia lembrou-se de um vulto de grande importância na história do Brasil: Dom Helder Câmara, cujo centenário comemorou-se no último sábado (7). Além de integralista, foi ele um dos fundadores da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e grande defensor dos direitos da pessoa humana.
Há cem anos nascia em Fortaleza o religioso que reconhecidamente marcou sua vida pela defesa dos mais humildes e dos injustiçados. Pregava no Brasil e no exterior uma Fé cristã comprometida com os anseios sociais. Em 1932 aderiu a Acção Integralista Brasileira, movimento de vanguarda do pensamento integralista, ao qual se manteria fiel até o fim de sua vida, conforme relatado em entrevista a Revista Manchete na década de 1980. Ainda vestindo a camisa verde integralista foi colaborador ativo da Liga Eleitoral Católica do Ceará e também Secretário do Departamento de Educação do Ceará, tendo sido nomeado pelo então governador do Ceará.
Em 1936, padre Hélder vai morar no Rio de Janeiro, onde foi designado como assistente técnico do Secretariado de educação do então Distrito Federal. No mesmo período, é escolhido pelo arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Sebastião Leme, como diretor do Ensino Religioso e da Renovação Catequética do arcebispado e, em seguida, torna-se inspetor de ensino do Ministério da Educação. Posteriormente, integra o Conselho Superior de Ensino. Enquanto esteve no Ministério da Educação, paralelamente foi conselheiro da Nunciatura Apostólica.
Sua militância no Integralismo é freqüentemente omitida pela historiografia marxista, que atribui ao período uma suposta fase sombria na vida de Dom Hélder. Porém, qual teria sido a origem de suas convicções em defesa da pessoa humana e do diálogo, como alternativa à violência?
Injustamente, ao longo de sua trajetória, Dom Helder foi apelidado de ser o “Bispo Vermelho”, nada mais errôneo, uma vez que, no Brasil, a defesa dos valores que pregava, como o auxílio aos mais necessitados e a defesa dos direitos da pessoa humana, foi protagonizada pela ação cultural, política e social do integralismo, ao passo que os comunistas, conforme os fatos históricos, utilizavam-se quase que exclusivamente dos métodos violentos amparados por Moscou para atingir seus objetivos.
Faleceu em sua casa, no Recife, às 22h20 de 27 de agosto de 1999, vítima de insuficiência respiratória aguda, decorrente de uma pneumonia, depois de haver passado cinco dias hospitalizado. Uma multidão acompanhou o seu corpo que foi conduzido, em carro do Corpo de Bombeiros, até a Igreja da Sé, em Olinda, onde foi sepultado. Pregava uma igreja simples voltada para os pobres e a não-violência. Por sua atuação, recebeu diversos prêmios nacionais e internacionais. Foi indicado quatro vezes para o Prêmio Nobel da Paz.
Eduardo Ferraz
Secretário de Expansão da Diretoria Administrativa Nacional e membro do Conselho Diretivo Nacional.
Nota:
O texto foi revisado em 12 de Outubro de 2013. Versões anteriores estão arquivadas e disponíveis para consulta caso solicitado.