O Presidente da República, Jair Bolsonaro, fez um discurso no dia 19 de Abril que rapidamente ganhou eco nos meios de comunicação parciais. A imprensa acusou ao Presidente de fazer “apologia” ao AI-5 e “incentivar um Golpe de Estado”. Para “protestar”, a imprensa, animada pela oposição, está pedindo “golpes de Estado” à sua maneira sorrateira, através de manipulações escusas no poder. Que devemos pensar enquanto integralistas?

A primeira coisa a observar é que, embora os apoiadores do presidente estivessem com faixas que pediam uma “intervenção militar que mantenha o presidente no poder”, o próprio Presidente, em seu discurso, salientou o dever de “fortalecer a democracia”, entre várias outras frases dúbias para que cada segmento possa entender nelas o que bem quiser, e ele mesmo possa se desvencilhar de embaraços ou, caso surja demanda, aplacar ali uma nova jornada. Não é segredo que, entre os apoiadores do atual presidente, sempre houve uma parcela de pessoas que pediam a intervenção militar já desde as grandes manifestações de 2013. Todavia, mais de um representante na posterior campanha de Bolsonaro pela presidência sublinhou se tratar de um “grupo minoritário” (como, de fato, o era).

Seria compreensível que, entre apoiadores do governo, a ideia do “poder absoluto” estivesse ganhando alguma popularidade. Afinal, diante da terrível condição de governar é que muitos estão se dando conta de que sonhos românticos não criam governabilidade alguma, de que na democracia é preciso dialogar para além dos limites da família, e, principalmente, estão descobrindo, a duras penas, que as várias décadas de influência marxista nas instituições e meios falantes não serão dissipadas da noite para o dia.

Seria também compreensível que o Presidente flertasse com a ideia de “golpe militar”. Afinal, seu parco nacionalismo, ancorado em uma militância eivada de utilitarismo nas suas pretensas resoluções “nacionalistas” e com extensão já bastante imprópria à Virgínia, nos Estados Unidos, nem de longe poderia fazer frente, com ideias e valores, àquelas premissas falsas já incrustadas em vários setores da sociedade e no próprio modo de viver do povo brasileiro. Não seria surpreendente que alguém na posição de Bolsonaro pensasse que o caminho agora deva declinar para a “força”, para a imposição, para um “período de exceção”.

Nós, integralistas, no entanto, temos uma longa tradição de proteção da Pátria. Plínio Salgado já condenava o “golpe técnico”, a “quartelada”, no seu livro “Psicologia de Revolução”, isto é, já condenava a revolução sem ideias, que é sempre incapaz de produzir as mudanças que a dignidade do povo brasileiro exige. Nós, integralistas, somos contra qualquer “revolução” raquítica de verdadeira doutrina, que é apenas fruto do “distrato social” aberto pela falácia do “contrato social” de Rousseau, que nada faz além de perturbar a ordem das nações e facilitar a ação dos oportunistas agitadores profissionais do socialismo.

Em seu livro “Psicologia da Revolução”, Plínio Salgado tratou amplamente das “revoluções sem ideias” das quarteladas, dos movimentos de tropas que não significam nada, e, entre outras, refletiu principalmente sobre a quartelada militar tenentista que colocou Getúlio Vargas no poder em 1930, e que depois procurava intelectuais para mendigar um punhado de ideias com as quais poderia “justificar” seu movimento e dar-lhe sobrevida.

Em 1932, Plínio Salgado advertiu São Paulo de que Getúlio iria esmagá-lo caso recorresse a uma luta armada. Não foram suficientes as advertências, e o futuro ditador, que ensaiava sua tirania, de fato esmagou São Paulo na chamada Revolução Constitucionalista.

Anos mais tarde, Plínio Salgado, já como candidato favorito para vencer as eleições de 1938 (como demonstram inúmeros registros), negou-se a participar do chamado Estado Novo, dentre outras coisas, por julgar que este seria uma tirania: “não sou liberal e nem ditatorial”, disse Plínio Salgado ao emissário de Vargas, que diante da recusa do Chefe Integralista em participar do Estado Novo, afirmava não saber que Plínio Salgado era “tão liberal”.

Em 1938, junto a outros insatisfeitos, os integralistas se levantaram contra o tirano e pela volta da constituição rasgada, ou seja, em nome dos mesmos ideais pelos quais inúmeros morreram na Revolução Constitucionalista de 1932. Infelizmente, porém, o precoce ataque ao Palácio da Guanabara não foi bem sucedido e só em 1945, depois da tenebrosa ditadura, o Estado Novo chegaria ao fim.

Em 1964, quando os comunistas estavam prestes a tomar o poder — e, para tal, não buscavam agir como na fracassada “Intentona Comunista de 1935”, isto é, não se apoiaram na força das armas, mas na perversão da cultura, segundo o gramscismo, pela penetração nos meios de comunicação, nas instâncias educacionais até que conseguiram formar uma suficiente mentalidade para subverter o governo da Nação e diante desse perigo tão claro e distinto —, o integralista Olympio Mourão Filho, que há muito planejava a Revolução de 31 de março de 1964, realizou o movimento da IV Região Militar para o Rio de Janeiro, movimento que desencadeou a revolução e livrou o País, mais uma vez, de uma ditadura comunista.

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Todavia, nenhuma medida governamental da imperfeita democracia que vigorou por vinte anos foi capaz de barrar o avanço comunista, inclusos o AI-5 e todos os outros AIs. O Exército foi capaz de vencer a famigerada guerrilha do Araguaia, foi capaz de dar o bom e velho combate às organizações de guerrilha urbana do tipo daquela liderada por Carlos Marighella. Para tanto, foi preciso recrudescer as relações políticas, foi preciso, muitas vezes, extrapolar nas medidas de segurança; afinal, estava o nosso País lidando com terroristas, que, infelizmente, mais tarde ressurgiriam como “paladinos da democracia” .

Acontece que a história demonstra que o pensamento marxista é muito mais estratégico e sorrateiro do que parece. Ele saiu de 20 anos de regime militar muito mais fortalecido do que no começo. Os comunas, como José Genoíno, Dilma Rousseff (que pertenceu à organização terrorista VAR-Palmares), Luiz Inácio Lula da Silva e tantos outros, ganhariam em breve o poder no Brasil, e, se não fosse a proteção de Deus e a sempre infindável fome de luxo dos comunas, que trocaram a “revolução” por apartamentos em Ipanema e Copacabana, talvez aquela enorme quantidade de dinheiro roubado tivesse servido para fomentar uma verdadeira União Soviética na América Latina.

Volto a dizer que o Sr. Presidente Jair Bolsonaro não declarou que vai “instaurar uma ditadura”. Ele fez, como sempre, um discurso que deixa no ar certas ideias para depois ver quais foram “pescadas”, quais assentaram e quais foram rejeitadas. Nós integralistas, os únicos verdadeiramente nacionalistas, os únicos que possuem a tradição e a riqueza doutrinal brasileira para dar cabo definitivo em todos os males que ameaçam a soberania do Brasil, e que temos tal doutrina desde 1932, e tanto fizemos pelo Brasil para mantê-lo afastado das garras comunistas (tanto em 1935, 1964 e novamente 2013, quando tivemos ativo papel no cenário de queda da esquerda), não podemos nos contentar com ideias tímidas, com um pretenso nacionalismo que vira-e-mexe vem beber das nossas fontes para dar novas “demãos de tinta” à fina camada de nacionalismo.

O que nós precisamos é de uma verdadeira Revolução, e não um “golpe” ou uma revolução sem ideias. Precisamos de uma Revolução que se opere simultaneamente em três frentes: na vida política da Nação (objetiva), na cultura nacional (subjetiva) e no interior do homem (revolução interior). Outro golpe técnico na nossa República (já fundada num golpe) não será capaz de salvaguardar os interesses do Brasil como nação soberana. Ao contrário, salvo a efervescência inicial e a impressão de mudança, os comunistas se rearmarão no submundo, ganharão novas pautas para explorar a massa e encontrarão muitos outros braços para manipular contra o governo e contra os reais interesses do Brasil.

A fase atual de descrença nas convicções falsas do comunismo deve ser aproveitada para amadurecer nossa democracia, nossas instituições e, principalmente, para nutrir os governantes de um pensamento verdadeiramente brasileiro e capaz de elevar o Brasil ao patamar em que deve estar. O brasileiro precisa transformar o Brasil segundo suas tradições, segundo sua doutrina integral. Nós sabemos que o Sr. Jair Bolsonaro conhece o Integralismo, infelizmente, não tão bem como o conheceram o Sr. Enéas Carneiro e outros, mas é chegado o momento em que é preciso mais do que só repetir nossas frases salutares e reproduzir fragmentos dos nossos pensamentos; o momento em que é necessário assimilar a nossa Doutrina, essencialmente cristã e brasileira, com profundidade. O Integralismo é pelo Brasil e, portanto, não está a serviço de um “golpe” do Sr. Bolsonaro, da mesma forma que está e estará contra os golpes orquestrados pelos politiqueiros neste exato momento em parceria com os comunistas. Só o Integralismo é remédio! Só o Integralismo é capaz de operar a Revolução de que precisamos e de uma vez por todas levar o Brasil a uma vitória definitiva. Esperamos que, mais que o governo, nosso povo perceba isso o quanto antes.

Pelo bem do Brasil,

Moises J. Lima
Presidente Nacional da Frente Integralista Brasileira