Não foram parlamentares e políticos (sobretudo do PSL) que “surfaram” na onda de um suposto “Bolsonarismo”.
Foi Bolsonaro que surfou uma onda revolucionária (posta em marcha de forma visível em 2010, em 2013 e na coluna revolucionária chamada “Lava Jato”* que dinamitou as pontes do imundo financiamento do poder).
Nesta república – fundada em 88 e já em coma desde 2013 – os partidos perderam a capacidade de contato com a população pela rigidez das estruturas (partidos com “dono”) e falta de renovação interna. Tornaram-se representantes de interesses de “oligarquias” – não raro pensando ser legítimos representantes do povo quando agradavam apenas pequenos grupos como o PT atendendo mais a um “Patropi” ou a uma dúzia de estudantes do centro acadêmico da PUC-SP que aos metalúrgicos do ABC.
Após Bolsonaro ser lançado para o topo do poder executivo passou a agir junto a grupos de oportunistas para eliminar as forças de todas as colunas com especial atenção para a principal (e para alguns de seus líderes).
Tentou controlar um partido (PSL, da já velha república), tentou formar outro e, após o fracasso, viu que deveria voltar às suas raízes da velha república e velhos partidos. Parece caminhar para se filiar ao partido de Getúlio Vargas.
Como fez Vargas, pode Bolsonaro ter êxito em usar toda a situação em favor de seu poder e de sua família. E vale lembrar que Vargas também tinha o irmão como chefe de polícia de perseguição política e controlava uma rede de difamação e notícias falsas. Para isso coloca seus soldados (que inclui o procurador Augusto Aras) para combater as ações, os líderes e todo processo.
Na atual república há ainda uma hipertrofia do STF que poderia ser diminuída por ações do Executivo e Legislativo (todas elas sabotadas) e pela indicação de novos membros para a corte alinhados com valores diferentes dos que foram impostos pelo partidão – mas já sinalizou que indicaria o próprio Augusto Aras (ligado ao PT).
Associa-se cada vez mais aos partidos derrotados nas ruas, incluindo a parceria com o PT no serviço de difamação e sabotagem das decisões judiciais que ajudaram a derrubar o partidão e seu esquema.
Como Vargas, não se envergonha minimamente de ser uma metamorfose ambulante porque nunca teve qualquer doutrina que estivesse acima de seus próprios interesses.
É necessário que todos os grupos percebam o processo e entendam que Bolsonaro não foi ou é líder. Ele apenas viu a marcha e acenou para ela para se beneficiar. Este governo está se distanciando de princípios de forma cada vez mais clara e irreversível.
Existem forças no momento atuando dispersas. Tem na sua base a defesa da Nação, da fé, da unidade e integração nacional, do trabalho, da vida, da independência, da soberania e de todos os princípios fundamentais do nosso povo. Esta dispersão tem colocado muitos a serem levados para o campo de uma batalha provavelmente perdida, sem armas, sem tática, sem mapas e sem liderança.
Se acreditarem que Bolsonaro lidera** algo, perderão o ritmo, encostarão e firmarão acampamento na sombra enquanto o esperam sair de uma longa noitada no prostíbulo e perderão a guerra.
Lucas Carvalho
Secretário-Geral da Frente Integralista Brasileira
* Paradoxo: enquanto as forças da política velha combatem a “Lava Jato”, dão força para a destruição da que provavelmente é o maior elo da esperança de sobrevida desta república, uma vez que seria o mecanismo de reforma das estruturas políticas que têm governado o Brasil. Os partidos se abraçam para levar junto a própria constituição de 88.
** E antes mesmo que alguém considere que em substituição ao “mito”, algum juiz, político, candidato, pensador ou procurador seja líder de algo além de sua “coluna”; e que mereceria por isso algum apoio incondicional; ou que um só grupo seria capaz de liderar algo: recomenda-se refletir, por exemplo, sobre o que ocorreu há um século enquanto o Brasil tinha um quinto da população. Em um processo como este não há qualquer um que tenha “sempre a razão”.