
Os eventos do dia 8 de janeiro de 2023 em Brasília devem nos levar a reflexões mais contundentes sobre o destino do Brasil.
Não é segredo para todos que realmente acompanham nosso movimento que jamais endossamos os sucessivos engodos perversos com os quais se manteve instigada certa efervescência entre os chamados “bolsonaristas”.
Há mais de um ano, se tornaram comuns, em discussões, as nossas afirmações no sentido de que a reeleição de Bolsonaro não era certa. Além disso, acompanhamos o processo de averiguação das urnas eletrônicas e concluímos, como expusemos em nosso portal, que não era possível crer em fraude no equipamento das urnas, e ainda, fomos o primeiro movimento a pedir publicamente que, no futuro, a autoridade brasileira instaure um tribunal para averiguar irregularidades no trato da pandemia.
Jamais, entretanto, estivemos dispostos a julgar a sinceridade do sentimento que inflama milhares de pessoas indignadas e feridas moralmente com a eleição do atual presidente.
Nós nos solidarizamos, como brasileiros, com o sofrimento nacional. Entretanto, não participamos das manifestações que pediam intervenção em frente a quartéis do Exército, porque tal ato equivale para nós ao abandono da responsabilidade individual pelo destino do Brasil. Além disso, não apenas discordamos do messianismo que manifesta parcela dos apoiadores do ex-presidente, como são inúmeros os vídeos em meu canal em que condenamos tal atitude como malefício antigo e perigoso da cultura política brasileira.
Embora não se possa encontrar nenhum artigo, vídeo, comentário qualquer, em nosso portal, dando chancela ou apoio ao chamado “bolsonarismo”, ainda assim, para a imprensa, somos “aliados” dele, mesmo quando o enxergamos, convictos, como o maior responsável pelo caos político atual. E não apenas por suas atitudes, mas principalmente pela deliberada ausência delas.
Veja também: Tomada de palácios: a defesa da ordem versus a anarquia – texto integralista publicado em março de 2021 condenando a invasão do Capitólio dos Estados Unidos da América.
A imprensa trata a indignação, aglutinando todos os insatisfeitos debaixo do rótulo de “bolsonaristas”, o que não condiz com a verdade, mas também sabemos, e não é de hoje, que a imprensa não está interessada na verdade. Simplesmente não era possível, desde o início do governo Bolsonaro, adentrarmos ao seu leque de apoio, porque sempre notamos sua preferência por correntes de pensamento verdadeiramente antinacionais, que o isolaram e o indispuseram com várias pessoas que queriam ver o bem do Brasil. Ou seja, Bolsonaro se deixou sequestrar por pensamentos pseudo-conservadores, com lapsos de liberalismo, somados a uma inabilidade política pessoal assombrosa.
Faz parte da inabilidade induzir os apoiadores constantemente a um estado de inebriamento, insuflados por bem pensadas mensagens encorajadoras de duplo sentido, feitas com palavras e atos.
A pior e mais desesperada dessas investidas foi, em face do número de militares chamados a desempenhar papel no governo, tentar associar-lhe as Forças Armadas, como uma espécie de “costas quentes”, o que nunca foi além de uma ficção unilateral, mas não deixou de prejudicar a imagem das Forças Armadas, como se elas houvessem alguma vez se comprometido com o ex-presidente.
Esses fatos que mencionei jamais foram provocados por “sabotagem” da esquerda. Foram mesmo autossabotagem da própria inabilidade do antigo governo, que foi confuso, covarde e mentiroso, especialmente contra seus próprios apoiadores, na sua maioria pessoas maduras, patriotas, geradoras de riquezas e pagadoras de impostos.
Não quero, com tais constatações, dizer que a esquerda não sabotou o quanto pôde durante o governo Bolsonaro, e não vou entrar aqui na mesquinhez midiática a esse serviço, e tampouco na instrumentalização do judiciário, que criou um ambiente de insegurança jurídica totalmente caótico, porque tudo isso consta em vários artigos aqui postados ao longo dos quatro anos de governo Bolsonaro.
Agora, o ponto para o qual desejo chamar atenção é o fato de que, enquanto o governo tropeçava, e muito, nas próprias pernas, com o presidente isolado numa bolha, não faltou habilidade para a esquerda se aproveitar de seus tropeços, para tirar disso as maiores vantagens para seu regresso. Também não é segredo que todo país exposto ao socialismo precisa dar espaço a outro governo, de orientação diferente, que recupere a economia e a nação para seu retorno triunfal, pois é um método antigo.
Diante disso, passo agora a refletir sobre o ato perpetrado no dia 8 de janeiro de 2023, quando o que parecia uma manifestação pacífica saiu do controle e culminou com a invasão e depredação dos prédios do Congresso, Palácio do Planalto e STF.
Evidentemente, em face de jamais termos feito adesão aos movimentos que se reuniram em frente aos quartéis e aos tristes acontecimentos que acompanhamos pelos jornais, não nos competia tomar nenhuma posição, até porque isso nos impossibilitaria de saber exatamente a que ou a quem tais atos beneficiaram – ou não.
Nosso movimento, como bem podeis ver pela ação de limpeza que realizamos após a depredação da estátua do Bandeirante Borba Gato em São Paulo, em nenhuma hipótese poderia aderir a uma ação de vandalismo contra o patrimônio nacional, e digo isso para coroar a série de motivos já mencionados, que sempre nos resguardou de apoiar, participar ou mesmo autorizar a participação de membros em nome da Frente em tais badernas e depredações.
Nossa doutrina é contrária, avessa, diametralmente oposta à empregada pelos comunistas, que fazem uso metódico da anarquia, porque nisso se oculta um ódio visceral ao Estado e à autoridade, coisa que jamais nutrimos ao longo de nossa história, como se pode comprovar por vários momentos conturbados da vida nacional, em que estivemos ao lado da ordem.
Fundados numa experiência quase centenária de participação na vida nacional, julgamos claro o fato de que jamais o BEM se beneficia do enfraquecimento institucional do País. Ao contrário, são as forças maléficas que germinam do caos.
Não fomos jamais partícipes de qualquer desses movimentos porque sabemos que lhes faltou sempre um Conselho de Lideranças capaz de aglutinar a autoridade da Nação. Além disso, toda sua aura de “movimento nacional” nunca passou de uma quimera, um sonho em torno de um papel jamais assumido pelas Forças Armadas. Por fim, não é verdade, como se propalou em clima de desespero, que “nada havia a ser feito senão agir pela força”, dado que o Congresso nacional eleito, até que se prove o contrário, parece condizente com os anseios antipetistas de metade dos brasileiros e pode, quando justo, cercear qualquer excesso da atual gestão.
Isso não significa que cremos boçalmente na capacidade do Congresso de responder aos ataques que democraticamente se farão contra a democracia, mas que cremos serem eles de capacidade nociva “talvez menor” do que o caos total, sempre aproveitado pela esquerda.
Agora pergunto aos senhores: importa mesmo saber se foi a multidão bolsonarista, ou um grupo de infiltrados da esquerda que conduziram os atos?
Os inimigos da liberdade são sempre magistrais na condução dos “inocentes úteis”, e esse aspecto deve ser reconhecido por nós. Não importa o quanto se busquem culpados, alguém vestiu uma carapuça e serviu, como nenhuma outra força, aos propósitos comunistas. Independentemente de como a história aconteceu, já sabemos quem vai se dar bem com ela.
Moisés Lima
Presidente Nacional da Frente Integralista Brasileira
Foto: Marcelo Camargo/Ag. Brasil – estilizada digitalmente pelo corpo editorial do portal.