Entregou a alma ao Criador no último dia 24 de maio, nesta cidade de São Paulo, o ínclito advogado, jornalista, professor universitário, líder nacionalista e soldado de Deus e da Pátria que foi, é e continuará sendo o Dr. Rômulo Augusto Romero Fontes.

Integralista desde o dealbar da década de 1970 e fundador do Movimento de Ação Nacional e de seu veículo, o jornal Ação Nacional, foi o Dr. Rômulo Augusto Romero Fontes um exemplar cristão e um modelar patriota, assim como foi e seguirá sendo incontestavelmente um Mestre de Fé e de Brasilidade. A propósito, cumpre ressaltar que, ao longo de nossa peregrinação terrena, encontramos até hoje pouquíssimos varões tão virtuosos, sábios e heroicos quanto o Dr. Rômulo Augusto Romero Fontes, donde termos imensa gratidão a Deus por haver colocado em nosso caminho esse grande homem de pensamento e de ação que se fez arauto do mais sadio e edificador nacionalismo e do mais lídimo idealismo orgânico.

Diríamos que a partida do Dr. Rômulo Augusto Romero Fontes para os Céus é uma perda irreparável para o nosso Brasil e para o nosso Movimento essencialmente cristão e brasileiro, caso não tivéssemos a certeza que temos de que seus exemplos frutificaram e hão de continuar frutificando em novas gerações de guerreiros de Cristo e da Nação Brasileira de norte a sul deste vasto Império, e de que Deus suscitará, nos dias vindouros, homens da têmpera desse nobre filho de Pernambuco, do Sertão e do Brasil, que, aliás, lá no Reino dos Céus, na Milícia do Além, rogará sempre por nós e pela Pátria.

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Sertanejo autêntico e, como tal, antes de tudo um forte, Rômulo Augusto Romero Fontes nasceu em Quipapá, Pernambuco, no dia 6 de março de 1947, sendo o sétimo e derradeiro filho de Antônio Barbosa Fontes e de D. Julita Romero Barbosa Fontes, nascida Julita Romero Cavalcanti. Foi o pai, profundo admirador de Roma e de sua História, que escolheu o nome do menino, sendo Rômulo em homenagem ao lendário fundador e primeiro Rei da Cidade Eterna e Augusto em honra de seu primeiro Imperador. Pessoa de considerável cultura, assim como a esposa, era Antônio Barbosa Fontes proprietário de uma padaria em Quipapá, cidade de que chegou a ser Vice-Prefeito, recebendo, aliás, mais votos que o Prefeito eleito, o que era possível naquele tempo, quando os cargos de vice do chamado Poder Executivo eram todos eletivos.

Aos 13 anos de idade, Rômulo Fontes deixou a casa dos pais em sua Quipapá natal e foi estudar no Colégio Diocesano de Garanhuns. Não foi ele, contudo, um aluno exemplar daquela tradicional instituição de ensino católica dos sertões de Pernambuco, posto que seus olhos já estavam mais voltados para os acontecimentos sociais da cidade e de seu entorno.

Foi esse interesse pelos acontecimentos sociais de sua região que, somado à funda sede de Justiça Social que sentia desde menino, levou Rômulo Fontes a ingressar nas famosas Ligas Camponesas de Francisco Julião no início da década de 1960.

Com o triunfo da Revolução de 31 de Março de 1964 e o fim das Ligas Camponesas, Rômulo Augusto Romero Fontes seguiu para Recife, onde aderiu ao Partido Operário Revolucionário Trotskista (PORT) e, portanto, à Quarta Internacional. Ainda em 1964, embarcou ele para Fortaleza num ônibus chamado “Destino” e ali, sob a luz do pôr do sol de 24 de dezembro  daquele mesmo ano, conheceu a futura esposa, Maria José Borges Soares, mais conhecida pelo apelido de Mazé, com quem se casou em 1966. Nascida em 11 de maio de 1938 em Jerumenha, nos sertões do Piauí, D. Mazé residia então havia já algum tempo em Fortaleza, onde se formara em Serviço Social pela Universidade Federal do Ceará e, em seus dizeres, cega pela teoria da luta de classes, mergulhara “de cabeça na ilusão materialista do marxismo”.[1]

Na Capital Cearense, Rômulo e Mazé Fontes editaram um pequeno jornal mimeografado de orientação socialista denominado Avante, que fez algum sucesso entre os operários, irritando os patrões destes, que acionaram a polícia. O casal foi preso no dia 03 de dezembro de 1966, quando fazia uma reunião com operários no bairro de Pirambu.

Tendo saído da prisão em liberdade condicional em agosto de 1967, Rômulo Augusto Romero Fontes seguiu para São Paulo em março de 1968, logo depois de saber que fora condenado na Auditoria Militar de Recife. Em julho de 1967, D. Mazé, que estava grávida e saíra da prisão meses antes do marido, deu à luz o primeiro filho do casal, que depois teria também duas filhas.

De São Paulo, Rômulo Augusto Romero Fontes seguiu para Osasco, onde se estabeleceu e em julho de 1968 participou da primeira greve ocorrida no Estado de São Paulo durante o Governo Militar. Nessa mesma época, aderiu à chamada “luta armada”, ligando-se à Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) até ser preso, na mesma cidade de Osasco, em janeiro de 1969.

Como observou D. Mazé Fontes, apesar do envolvimento que teve com a “luta armada” por meio dos vínculos que estabeleceu com a VPR, Rômulo Fontes jamais participou de quaisquer atos terroristas, de quaisquer ações que atentassem contra vidas humanas ou propriedades públicas ou particulares. Consoante ressaltou ela, os princípios em que fora educado, assim como a sua prisão nesse dia de janeiro de 1969, evitaram que ele, em seu descaminho, praticasse tais atos.[2]

Foi na prisão que Rômulo Fontes se convenceu de que a denominada “luta armada” não tinha qualquer futuro e de que os meios por ela utilizados contra o Governo Militar eram criminosos e contraproducentes.

No dia 19 de maio de 1970, na sede da Secretaria de Segurança Pública  de São Paulo, em presença de jornalistas brasileiros e estrangeiros, Rômulo Augusto Romero Fontes e os também ex-militantes comunistas Marcos Vinício Fernandes dos Santos, Marcos Alberto Martini, Gilson Teodoro de Oliveira e Osmário Rodello Filho anunciaram seu rompimento com a “luta armada”, lançando na ocasião dois manifestos por eles redigidos, a saber, a Carta aberta ao jovem brasileiro e a Carta aberta à opinião pública internacional.

Como escreveu Mazé Fontes, a apresentação pública da posição de tais jovens teve grande repercussão dentro e fora das fronteiras do Brasil e marcou o início de uma série de dezenas de retratações de militantes de esquerda, tendo, portanto, efeito devastador sobre o movimento de esquerda radical, que passou a considerar todos esses jovens traidores.[3]

Ainda conforme escreveu Mazé Fontes, nenhum dos cinco rapazes que, naquele dia 19 de maio de 1970, anunciaram o rompimento com a “luta armada” fez qualquer acordo com o Governo do Presidente Emílio Garrastazu Médici ou recebeu deste qualquer recompensa por conta do rompimento com a “luta armada”.[4]

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Transferido em janeiro de 1971 para Fortaleza, onde respondia a processo junto à Justiça Militar da 10ª Região, foi Rômulo Fontes solto a 14 de julho do mesmo ano.

De volta a Osasco, Rômulo Fontes passou a trabalhar como jornalista na vizinha cidade de São Paulo, tornando-se repórter dos jornais Folha da Tarde e Notícias Populares, sendo em ambos duramente perseguido pelas patrulhas ideológicas esquerdistas, que neles dispunham de grande força. Foi nessa época que teve contato com o Professor Heraldo Barbuy, insigne filósofo e sociólogo paulista, que lhe apresentou a Doutrina Social da Igreja e o Integralismo, dos quais logo se tornou adepto, convencendo-se da excelência da Doutrina do Sigma assim que leu as primeiras obras de Plínio Salgado, de quem até o fim da vida se proclamou discípulo. A propósito, a Fundação da agremiação política por ele idealizada na década de 1980, o Partido de Ação Nacionalista (PAN), seria a Fundação Heraldo Barbuy. Infelizmente, porém, por circunstâncias alheias à vontade de Rômulo Fontes, a ideia de criar  o Partido de Ação Nacionalista e a Fundação Heraldo Barbuy jamais se concretizou, como também jamais se concretizou a ideia de se criar o Partido de Ação Integralista (PAI), projeto de que ele, aliás, igualmente participou.

Foi logo depois de deixar a prisão que Rômulo Fontes iniciou seu processo de pleno retorno ao Catolicismo, ao fim do qual se tornou um dos mais piedosos e exemplares católicos que até hoje tivemos a honra de conhecer ao longo de nossa terrenal jornada. Nos últimos anos de vida, frequentou a bela Igreja de Nossa Senhora da Saúde, no bairro de Vila Mariana, onde residiu durante os derradeiros anos de sua peregrinação por este Mundo.

Ao retornar integralmente à Fé Católica e se tornar, no campo político, um autêntico soldado de Deus, da Pátria e da Família, Rômulo Augusto Romero Fontes cumpriu o desejo da mãe, D. Julita Romero Barbosa Fontes, que, aliás, muito rezou para que o filho se afastasse totalmente do comunismo e das ideias materialistas em geral e não morreu antes de ver suas preces em tal sentido atendidas. Com efeito, segundo D. Mazé, D. Julita sempre dizia assim: “Tenho certeza, Deus vem vindo, e Ele vai livrar Rominho (assim chamava o filho) dessa causa materialista”.[5] E, a propósito, como acabamos de ver, Deus de fato veio e, graças a Ele, Rômulo Fontes não só se afastou para sempre da causa materialista, como também se reconciliou plenamente com a Fé e tudo isto se deu antes do retorno da mãe à Pátria Celeste.

Como jornalista, Rômulo Augusto Romero Fontes foi repórter dos já mencionados jornais Folha da Tarde e Notícias Populares, ambos da Capital Paulista, e também da sucursal de São Paulo do jornal O Globo e do Diário do Grande ABC, de Santo André, e fundou e dirigiu diversos jornais próprios, como O Povo, de Osasco, e o Ação Nacional, de São Paulo, este último o mais importante periódico nacionalista brasileiro dos últimos decênios, que, em diferentes fases circulou entre o início do anos 1980 e meados dos anos 2000, sempre transmitindo os ideais do mais autêntico e construtivo nacionalismo e do mais puro idealismo orgânico. Mais recentemente, quando viveu em Jarinu, no Interior de São Paulo, ali fundou e dirigiu o jornal católico O Presente e também o jornal nacionalista Bastidores, ao mesmo tempo em que colaborou na Gazeta de Jarinu.

Formado em Direito pelas Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU), de São Paulo, no ano de 1979, o Dr. Rômulo Augusto Romero Fontes foi advogado militante, atuando sobretudo nos campos do Direito Penal e do Direito Tributário, havendo, inclusive, mantido durante anos uma coluna sobre Direito Tributário na Folha da Tarde, e lecionou Direito Constitucional na Faculdade de Direito das Faculdades Integradas de Guarulhos (FIG), fundadas e então dirigidas pelo ilustre jurisconsulto e sociólogo integralista Adolfo Vasconcelos Noronha. Entre fins dos anos 1980 e princípios dos anos 1990, durante o segundo governo de Francisco Rossi como Prefeito de Osasco, o Dr. Rômulo Fontes trabalhou como assessor jurídico da Prefeitura de tal Município, onde residira por vários anos.

Na década de 1980, Rômulo Fontes fundou o Movimento de Ação Nacional e o já por mais de uma vez aqui mencionado jornal Ação Nacional, assim como tentou criar o Partido de Ação Nacionalista (PAN). Em 1986, candidatou-se a Deputado Federal pelo Partido Nacionalista Democrático (PND), do Almirante Roberto Gama e Silva, e alguns anos mais tarde fundou, em São Paulo, o Centro de Estudos Gustavo Barroso, instituição que visa a preservar a memória deste grande e profundamente injustiçado escritor, jornalista, pensador político, historiador e folclorista cearense e brasileiro, um dos mais notáveis doutrinadores do Integralismo e um dos mais brilhantes intelectuais não apenas da Plêiade Integralista, mas de toda a História Pátria.

Nos últimos de sua existência terrena, o Dr. Rômulo Augusto Romero Fontes manteve excelente relação com a Frente Integralista Brasileira (FIB), participando de diversos eventos desta e neles proferindo magníficos discursos e palestras.

Sabemos que, ao terminar sua carreira, tendo combatido o bom combate e guardado a Fé, tinha o Dr. Rômulo Fontes a esperança de que nós, os verdadeiros nacionalistas deste Magno Império do Pretérito e do Porvir, manteríamos viva a chama do Integralismo e do Movimento de Ação Nacional, assim como de que manteríamos vivo o Centro de Estudos Gustavo Barroso, e devemos dizer que faremos tudo o que pudermos para que não seja vã a esperança desse nosso nobre Mestre de Cristianismo e de Brasilidade.   Em outras palavras, lutaremos com todas as forças para difundir os mesmos ideais cristãos e brasileiros em defesa dos quais combateu o nosso bravo companheiro de Ideal Rômulo Augusto Romero Fontes.

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Fechemos esta singela homenagem ao grande varão e líder nacionalista que, na pia batismal, em seu pátrio Município de Quipapá, no Interior de Pernambuco, recebeu o nome de Rômulo Augusto Romero Fontes. Que Deus ouça nosso apelo que ora repetimos e suscite, nas futuras gerações, homens da consistência desse nobre e augusto arauto e cavaleiro sertanejo do Brasil Maior e Melhor, que até o ocaso da peregrinação terrena pelejou, sem nada pedir em troca, pelo Bem desta Terra de Santa Cruz.

Rômulo Augusto Romero Fontes, presente!

Por Cristo e pela Nação!

Victor Emanuel Vilela Barbuy
Secretário Nacional de Assuntos Jurídicos da Frente Integralista Brasileira.

Notas:

[1] Mazé FONTES, Bodas de meio século: Cinquenta anos caminhando juntos, São Paulo, Edição da Autora, 2016, p. 16.

[2] Idem, p. 52.

[3] Idem, pp. 48-50.

[4] Idem, p. 51.

[5] Idem, p. 82. Grifos em itálico no original.