
No dia 3 de outubro de 2020, o núcleo integralista cearense realizou pela primeira vez neste século e dentro de um espaço de mais de seis décadas o ritual da “Noite dos Tambores Silenciosos”. Esta cerimônia integralista segundo os protocolos e rituais da Ação Integralista Brasileira “foi instituída para lembrar, por todo o sempre, a amargura dos camisas-verdes, pela extinção de sua milícia”. [1]
Neste dia, a cerimônia foi realizada, tanto pelo motivo exposto pelos protocolos da AIB, quanto pela lembrança dos mártires integralistas, que tombaram a serviço de Deus, da Pátria e da Família, e em comemoração dos 88 anos do Manifesto de Outubro de 1932. Pelo que se tem notícia, a última realização oficial desta cerimônia como atividade do Movimento ocorreu em 1957, no Jubileu de Prata da Ação Integralista Brasileira. Após um espaço de 63 anos, é realizada esta cerimônia tão memorável e importante, que une a mística dos companheiros de outrora com os camisas verdes desta geração.
O evento começou às 21 horas da noite, sentando-se no lugar do Perpétuo Chefe Nacional do Integralismo, Plínio Salgado, o companheiro mais humilde do núcleo, que também representou a Presidência Nacional da FIB, e o escolhido foi o companheiro Secretário de Doutrina e Estudos, Jhonata Lima. A decisão foi tomada não apenas por questões materiais e financeiras do companheiro, mas sobretudo por sempre dar exemplo de grande bondade, humildade, responsabilidade e trabalho pela Nação e pela sua família. A humildade é um estado de espírito e uma virtude. É justamente a nossa simplicidade que nos torna tão ricos, pois a riqueza material jamais irá se sobressair à riqueza espiritual, aos nossos corações e ao nosso espírito guerreiro. Logo após, foi cantado o hino integralista.
Em seguida, foi feita a chamada dos mártires, tanto da Ação, quanto da Frente. Começamos com o nome do mártir Nicola Rosica, primeiro mártir integralista, lembrando que por coincidência a cerimônia foi realizada justamente no exato aniversário de 86 anos de seu martírio. E, por fim, os nomes dos dois mártires da Frente Integralista Brasileira e que aqui fazemos questão de lembrar: Antônio dos Santos da Silva Júnior e Achilles de Melo Oliveira. Depois da chamada dos mártires, procedeu-se à renovação do juramento integralista e ao juramento à bandeira nacional. Em seguida foram lidos os capítulos 1°, 7°, 8° e 10° do Manifesto de Outubro.
Quando deu meia-noite o orador que estava guiando os trabalhos, o Presidente da FIB – CE, Carlos Ribeiro, proferiu as seguinte palavras: “É meia noite. – Em todas as cidades da imensa Pátria, nos navios em alto mar, nos lares, nos quartéis, nas fazendas e nas estâncias, nas choupanas do sertão, nos hospitais e nos cárceres, os Integralistas do Brasil se concentravam em três minutos de profundo silêncio. Assim como aqueles companheiros de tempos idos que se dedicaram integralmente por Deus, pela Pátria e pela Família; nós Integralistas da Frente Integralista Brasileira vamos nos concentrar em três minutos do mais profundo silêncio. É a noite dos tambores silenciosos! Atenção!”.
E, ao bater dos tambores ficaram em silêncio e vigilantes durante os três minutos. Findados os três minutos, foi lida a Oração dos Tambores: “Senhor, escutai a prece dos nossos tambores que estão rufando no mapa da Pátria. Ajude-nos a construir a Grande Nação Cristã; inspira-nos nas horas da dúvida e da confusão; fortalecei-nos nas horas do sofrimento, da calúnia e da injustiça; esclarecei aos nossos inimigos para que eles compreendam quanto desejamos sua própria felicidade; defendei os nossos companheiros e nossa bandeira e levai-nos ao triunfo pelo bem do Brasil”. Depois da oração, o presidente da FIB – CE disse: “Esta cerimônia era realizada em todas as cidades e povoados de todas as províncias do Brasil. Neste momento realizamos o feito dos nossos companheiros do passado e mantemos firme nossa tradição. O Chefe neste momento está intercedendo por nós, junto com aqueles nobres e valentes companheiros e companheiras que já se foram. O pensamento e a palavra do Chefe representa o ideal e o sentimento de inúmeros ‘Camisas-Verdes’ espalhados de norte a sul do Brasil; que, vigilantes, montam guarda às tradições da Pátria e cujos corações batem, como uma legião de tambores que nenhuma força poderá fazer separar, porque eles pertencem a Deus e anseiam pela grandeza da posteridade nacional!”.
Após proferidas essas palavras, o companheiro Jhonata Lima declamou o poema de Jayme de Castro, chamado A Noite dos Tambores Silenciosos. Ao fim da declamação, o presidente da FIB – CE se levantou, e, conforme os Protocolos, foi cantado o Hino Nacional Brasileiro. Após o Hino Nacional, o presidente do Núcleo exclamou: – “Pelo Brasil, futura Potência entre as Potências, que nós construiremos, com a energia do nosso Espírito, com a força do nosso Coração e com a audácia de nosso Braço, Três Anauês!” E todos responderam os três Anauês. E finalmente: – “A Deus – Criador do Universo, – para que nos inspire, fortaleça e conduza! Quatro Anauês!”. E todos responderam: “Anauê! Anauê Anauê! Anauê!”. Assim, como se pode perceber, buscou-se realizar a cerimônia preservando ao máximo possível as instruções dos Protocolos e Rituais da AIB. Algumas partes tiveram que ser atualizadas, mas grande parte do ritual se manteve intacto.
Manter viva a memória e a presença de nossos companheiros, a mística, a Doutrina e as tradições do Movimento Integralista é uma experiência que torna a militância do camisa-verde algo muito mais especial e profundo.
Rosica, Spinelli, Schroeder, o cearense José Gertrudes, Achilles e tantos outros, permanecem vivos na memória e na luta de cada companheiro integralista e estes bravos homens que lutaram e verteram suor e sangue pela nossa Pátria jamais morreram, pois suas almas pertencem a Deus e eles estão vivos, marchando na Milícia do Além. [2]
Carlos Ribeiro
Presidente do Núcleo da Frente Integralista Brasileira no Ceará
Notas:
[1] É importante destacar que a milícia formada pela Ação Integralista Brasileira não era, obviamente, nenhuma organização criminosa como as que costumamos ver nos tempos atuais. As milícias integralistas foram criadas em 1933 com o objetivo de aprimoramento técnico militar dos camisas-verdes e comandadas por uma das principais vogais Integralistas, o historiador Gustavo Barroso. Depois da Lei de Segurança Nacional de 1935, a milícia integralista sofreu remodelação e passou a se tornar Secretaria de Educação Moral, Cívica e Física.
[2] Segundo o Art. 151 dos Protocolos e Rituais da AIB, nenhum integralista morre e os integralistas que falecem não são considerados excluídos, porém, transferidos para as Milícias do Além.