O Integralismo é a única doutrina no Brasil que atende totalmente à consciência espírita. Vamos mostrar isso através dos vários aspectos da Doutrina do Sigma, defendida pela Frente Integralista Brasileira.

Espiritualismo. Primeiro de tudo, o Integralismo é uma doutrina política que parte de uma Concepção do Universo e do Homem. O Integralismo afirma Deus e a imortalidade e espiritualidade da Alma, como fundamento de todo o seu corpo doutrinário. Afirma o Homem Integral (tal como faz o espírito de Joanna de Ângelis em “O Homem Integral”), única forma de não sacrificar nenhuma das várias faces do ser humano. Se negarmos Deus, temos o perigo de cair numa política niilista, que trabalhe contra o aperfeiçoamento espiritual do homem. Se negarmos a Alma, temos o perigo de cair numa política que não respeite a Dignidade da Pessoa Humana. O Integralismo, portanto, é espiritualmente a doutrina política que mais satisfaz as convicções espíritas. Seu conceito de Deus, além de tudo, é transcendente, providencial, seu conceito de Espírito é dualista, e portanto nada na doutrina integralista (única verdadeira política espiritualista para o Brasil) conflita com a consciência espírita do mundo. É antimaterialista e combate vigorosamente o marxismo, sendo o movimento mais importante contra o comunismo na história do Brasil. Segundo a própria União Soviética, foram os integralistas que impediram a realização da Intentona Comunista em 1935; dali em diante, foram o movimento que mais publicou livros, deu cursos, publicou revistas e artigos contra o comunismo, tendo sido o principal responsável pela Revolução de 1964. O Integralismo é um movimento cristão. Divulga as lições e o exemplo de Cristo, como base da educação nacional. Encontra nos Evangelhos a fonte da sua política. Apesar disso, não tem nenhuma religião definida, e participam dele cristãos de todos os credos: católicos romanos, espíritas, ortodoxos, evangélicos, desigrejados, e outros. Como explica o irmão espírita/integralista Alberto Silvares em seu livro “O Comunismo e seu Contraveneno”, págs 34 a 36: “Dentro da doutrina integralista, o espírita, o católico e o protestante, todos cristãos, na propaganda que fizerem, darão a esta, uma feição calcada nos fundamentos, nas diretrizes que norteiam os seus pontos de vista religiosos. Isso em nada prejudica a ninguém. (…) Como o Integralismo não entra em detalhes religiosos, sendo exclusivamente cristão, por ser a sua finalidade política, todos os três servem ao ideal que os fizeram irmãos, dentro dos objetivos superiores de construírem uma grande Nação, realizando aquele ideal de fraternidade entre filhos de Deus”.

Família. Todo o pensamento político integralista, do começo ao fim, se baseia em garantir a família, célula fundamental da sociedade. Tudo se resume a fortalecer os seus laços e a sua base econômica, defender a sua constituição natural, permitir seu acesso à propriedade, vivificar as famílias na Lei do Amor para que se mantenham estáveis e felizes. Alguns espíritas se afirmam individualistas. A Doutrina Espírita, porém, considera não os indivíduos, mas sim as famílias como células da sociedade (basta estudar os testemunhos mediúnicos a esse respeito). Esse ponto da Doutrina Espírita costuma ser muito esquecido quando falamos de política, no entanto é da mais alta importância, e é uma coincidência impressionante com o Integralismo (único movimento político no Brasil que também declara as famílias como as células da sociedade). E como diz Joanna de Ângelis, “toda vez que a família se entibia ou se enfraquece a sociedade experimenta conflitos, abalada nas suas estruturas”. O espírita só pode estar COM o Integralismo, porque a sua tarefa fundamental é de proteger, fortalecer e revitalizar as famílias brasileiras, e o patriotismo nos obriga a apoiar isso como condição fundamental da vitalidade e do progresso da Nação.

Aborto. É importante ressaltar que o Integralismo combate veementemente o aborto, apontado por Allan Kardec como o maior dos crimes e pelo espírito Emmanuel como “um dos fornecedores das moléstias de etiologia obscura e das obsessões catalogáveis na patologia da mente”. Não é possível crer na grandeza espiritual da Nação Brasileira, e na paz social, sem este salutar combate ao aborto, do qual o Integralismo toma a linha de frente.

Nacionalismo. O Integralismo é nacionalista, mas seu nacionalismo não agride, não odeia, não cria intrigas. Seu nacionalismo é puramente de amor e proteção da nacionalidade. O nacionalismo integralista é o reconhecimento da vocação espiritual do Brasil, e a luta por defendê-lo enquanto ele trilha o seu caminho. Diz o livro do espírito Humberto de Campos, o Brasil é o coração do mundo, vanguarda da espiritualização dos povos. Pensemos no que diz Jesus a Henrique de Sagres, no mesmo trabalho: “A região do Cruzeiro, onde se realizará a epopeia do meu Evangelho, estará, antes de tudo, ligada eternamente ao meu coração. As injunções políticas terão nela atividades secundárias, porque, acima de todas as coisas, em seu solo santificado e exuberante estará o sinal da fraternidade universal, unindo todos os Espíritos. Sobre a sua volumosa extensão pairará constantemente o signo da minha assistência compassiva e a mão prestigiosa e potentíssima de Deus pousará sobre a terra de minha cruz, com infinita Misericórdia. As potências imperialistas da Terra esbarrarão sempre nas suas claridades divinas e nas suas ciclópicas realizações. Antes de o estar ao dos homens, é ao meu coração que ela se encontra ligada para sempre”. E como o bom espírita não desejará realizar o engrandecimento material e espiritual de uma Nação tão elevada nos destinos da Humanidade, sendo vivamente nacionalista, acima de todas as injunções políticas e pessimismos? Nacionalismo espiritual, humano, digno. Nacionalismo de combate ao imperialismo que nos explora e de defesa das nossas iniciativas. A nacionalidade brasileira, segundo Humberto de Campos, são “fileiras de fraternidade e evolução” às quais devem se integrar todos dentro do território nacional. O espírita não pode querer para o Brasil outra coisa senão trabalhar pelo seu engrandecimento, elevá-lo pela sua reforma íntima e pela sua ação social e política, confiando na proteção especial de Deus à nossa Pátria.

Nova Organização Social. O Integralismo é contra o Comunismo e o Liberalismo ou Capitalismo, doutrinas que atentam contra o progresso espiritual da humanidade, como a Doutrina Espírita cansou de afirmar. Esse é o erro dos que tentam instrumentalizar o espiritismo para a esquerda socialista/petista e a direita neoliberal. O Sigma se baseia nos deveres e nas responsabilidades, não nas falsas liberdades e direitos, isso é o que pede o espírito Humberto de Campos. O Integralismo defende uma nova organização social que livre as instituições dos princípios de egoísmo e particularismo. Essa é a essência, a substância moral do Estado Integral. E isso é o que pede a Doutrina Espírita, especialmente no Livro dos Espíritos. Allan Kardec ensina que o egoísmo é “a chaga social” que entrava os progressos da humanidade. O sentido do Estado Integralista é anti-egoísta porque o Integralismo é integral, vê o “todo”, o conjunto, e não o egoísmo das partes. Isso se reflete: no seu sistema de representação política, no seu pensamento econômico e financeiro, no seu arranjo das instituições através dos grupos organizados, nas suas reformas sociais, etc. tanto quanto no seu método filosófico e científico. Além disso, o Estado Integral é totalmente baseado no Trabalho: só através do trabalho (de qualquer forma, lembrando que Allan Kardec ensina “toda ocupação útil é trabalho”) o cidadão tem fontes de representação política, lugar nas Câmaras legislativas, etc. Ao mesmo tempo, todo tipo de trabalho encontra sua atividade no Estado. O trabalho tem a máxima valorização, em todos os campos, social, cultural, econômico, moral, político. Como ensina o Espírito Joanes: “No mundo, o seu trabalho representa para você o necessário arrimo moral, a devida fortaleza social, a indispensável defesa do mal e do crime, facultando a valorização da sua existência humana”. Formando a Doutrina Espírita tão alto conceito do Trabalho, o verdadeiro espírita não pode não desejar que toda a sociedade se organize em torno dele (trabalho manual, intelectual, espiritual, moral); nem pode não desejar que a sociedade se organize contra o particularismo, em favor da grandeza da Nação, do aprimoramento moral de cada um, do combate ao mal, da crença em Deus.

General Jayme Ferreira da Silva, espírita e um dos maiores líderes do Integralismo

Revolução Interior. O Integralismo é uma Revolução de almas. Humberto de Campos afirma que o Senhor Jesus disse aos brasileiros: “Abrireis para a caravana do Evangelho, que marcha ao longo dos caminhos da sombra, a estrada da revolução interior, cujo objetivo único é a reforma de cada um, sob o fardo das provas, sem o recurso à indisciplina perante as leis estatuídas no mundo e sem o auxílio das armas homicidas”. Antes que seu livro (Brasil, coração do mundo, Pátria do Evangelho) fosse publicado, os integralistas já falavam de revolução interior desde 1932, mostrando a grande vocação espiritual do movimento do Sigma. A revolução interior integralista é exatamente a mesma pedida no livro citado: todos os brasileiros devem se aperfeiçoar nas virtudes, no espírito de sacrifício, na disciplina, no amor, na bondade, na honestidade, combatendo a vaidade, o egoísmo e a sede dos prazeres materiais. Essa é a única verdadeira mudança pela qual o Brasil pode se tornar uma grande Potência. O espírita integralista Jayme Ferreira da Silva, em seu livro Retalhos Verdes, repete um raciocínio que ouviu de “um dos mais profundos conhecedores da doutrina espírita”: “Não é apenas a harmonia doutrinária que obriga ou torna o Integralismo uma doutrina perfeitamente aceitável pelos espíritas. O que, de fato, despertará a sensibilidade dos espíritas para as nossas fileiras, como um vibrante clarim tocando rebate nos seus corações, é ser o Integralismo uma revolução que se fará não pelas armas, mas pelas almas, com profundo espírito de renúncia, apoiada no Evangelho de Cristo, levando os homens, humildemente, guiados pela paternidade, a se orientarem para o Bem que é o sentido da Perfeição”.

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Os espíritas e o Integralismo. Sendo a doutrina integralista tão harmônica, patriótica e espiritual, é natural que os espíritas tenham aderido a ela maciçamente (assim como os católicos e protestantes). No Conselho Supremo da Ação Integralista Brasileira, órgão máximo daquele movimento (abaixo apenas do próprio Plínio Salgado), um dos poucos membros era um espírita famoso, Capitão (depois General) Jayme Ferreira da Silva, que também foi Chefe Provincial da AIB no Rio de Janeiro. Ele escreveu dois livros integralistas (Retalhos Verdes, e A verdade sobre o Integralismo), tendo a partir de 1946 participado do Diretório Nacional do novo partido integralista (Partido de Representação Popular), e a partir de 1966 fundado e liderado o novo movimento integralista, Cruzada de Renovação Nacional. Além dele, Jader Medeiros, um dos principais líderes integralistas entre os anos 50 e 70, principalmente do Movimento Águia Branca, sendo depois o “chefe” da Cruzada de Renovação Nacional e até candidato a suceder Plínio Salgado como Chefe Nacional do Integralismo, Jader também era kardecista. Arthur Thompson Filho, diretor artístico do principal órgão impresso da AIB (Revista Anauê), era espírita, assim como Alberto Silvares (importante nome da Imprensa Integralista e autor de O Comunismo e seu Contra-Veneno, livro integralista que dedicou a Allan Kardec). Todos estes também foram membros-fundadores do citado Partido de Representação Popular.

Quero terminar com uma citação de Allan Kardec no “Livro dos Espíritos”:

P: Têm, perante Deus, algum mérito os que se consagram à vida contemplativa, uma vez que nenhum mal fazem e só em Deus pensam?

R: Não, porquanto, se é certo que não fazem o mal, também o é que não fazem o bem e são inúteis. Demais, não fazer o bem já é um mal. Deus quer que o homem pense nele, mas não quer que só nele pense, pois que lhe impôs deveres a cumprir na terra.

Quem passa todo o tempo na meditação e na contemplação nada faz de meritório aos olhos de Deus, porque vive toda uma vida pessoal e inútil à humanidade e Deus lhe pedirá contas do bem que não houver feito.

Não podemos ser comodistas e passivos. Temos que afirmar, nos decidir, agir e trabalhar pela nossa Pátria e pela Sociedade. Deixemos a omissão e a conivência de lado. Vamos agir pelo bem do Brasil!

Alberto Franco
Rio de Janeiro Σ RJ.

*Nota: A FIB tem um texto muito interessante também, feito para os católicos: O católico pode ser integralista?

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Sérgio de Vasconcellos

Excelente! Anauê!

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