As nossas patrícias que habitam as capitais declaram-se contra o nosso regime, porque nele a mulher ficará privada de todos os seus direitos públicos e políticos, ficará tolhida no seu anseio de liberdade, retornará aos tempos d’antanho. As patrícias nossas lá bem do interior, numa verdadeira “procissão do desencontro”, clamam em altos brados contra a doutrina nova, que quer levar a mulher brasileira para o feminismo dissolvente e corruptor dos yankees e dos que habitam as estepes geladas da Rússia.

Tudo isto não passa, porém, da propaganda calada, sorrateira, tenaz que os nossos inimigos fazem, insuflando no espírito das brasileiras das grandes cidades que o Integralismo é um modernizador iconoclasta.

O Integralismo não é nem uma coisa nem outra.

Ele dará à mulher mais liberdade, libertando-a dos infinitos preconceitos sociais em que ela se emaranha, que o subjugam e que lhe impedem de dizer alto e bom som o que pensa, o que sente, o que aspira.

Ele libertá-la-á do jugo despótico das ideias vindas de outras terras que incentivam o seu respeito humano, o seu espírito burguês, tornando-a incapaz de vestir a nossa grosseira blusa verde e de vir trabalhar e sofrer conosco, para o engrandecimento e libertação do nosso gigante acorrentado aos portões de ferro dos bancos de Londres e Nova York com o cadeado forte das nossas dívidas.

O Integralismo fará de nossa mulher — boneca de Sèvres — a mulher culta, inteligente, útil à sociedade.

Nair Nilza Perez

A nossa doutrina não é, também, nem corruptora nem desmoralizante.

Nós nos batemos pela família, célula mater da organização social. Nós queremos a família brasileira bem brasileira, conservando as tradições suaves e magníficas de nossa terra, não invejando nem procurando imitar as ideias materialistas que Hollywood lança no cinema, como a maçã do Paraíso para que as Evas ingênuas e curiosas continuem a cair, a pecar…

Nós queremos os sentimentos cristãos dominando, novamente, na alma de nossas patrícias, fazendo-as embalar os filhinhos ao som dos cânticos embaladores da mãe preta e não ao som dos foxes norte-americanos.

Queremos a mulher superior, cursando as Faculdades, ilustrando o espírito, lutando na vida prática ao lado dos homens como estímulo e alegria, e não se esquecendo nunca de sua condição de mãe, esposa, filha.

Nós queremos a mulher feminil, tendo sempre um carinho para o velho pai, um sorriso incentivante para o esposo, um afago para o filhinho.

A mulher integral terá: cérebro de homem, físico de mulher, coração de criança.

Nair Nilza Perez
Revista “Anauê”, julho de 1936