Final do discurso proferido em sessão soleníssima das Cortes do Sigma, no Instituto Nacional de Música, em 12 de junho de 1937, durante a proclamação da candidatura presidencial de Plínio Salgado. Teve ampla repercussão em todas as camadas sociais. É considerado um dos mais importantes registros do pensamento do autor. Plínio Salgado o considerava “o mais importante dos documentos integralistas”.
O Cristo e o Estado Integral
O Estado Integral é tudo quanto ouvistes da leitura do Manifesto de Outubro e do Manifesto-Programa. É tudo quanto vos acabo de expor e de explicar. Mas, para mim, no mais íntimo refolho da minha alma, o Estado Integral transcende das formas políticas e do próprio pensamento filosófico. Porque o Estado Integral, essencialmente, é para mim o Estado que vem de Cristo, inspira-se em Cristo, age por Cristo e vai para Cristo.
O Estado Integral é o Brasil, realizando sua felicidade material e sua grandeza nacional dentro do profundo sentimento de solidariedade humana e de fraternidade de todos os brasileiros; é o Brasil, onde cada habitante, consciente de seus deveres e de seus direitos, respeitando os direitos do próximo, respire e viva a perfeita fraternidade e fundamente os sonhos maravilhosos da força e do esplendor da Nação no culto das virtudes antigas, que são o próprio alicerce dos lares do seu país; é o Brasil, trabalhando, produzindo, criando, prosperando, crescendo, ao ritmo da mais perfeita harmonia social em que se equilibrem, se componham, se compreendam os interesses de seus filhos e da sua coletividade; é o Brasil como uma relíquia antiga, uma pátena de lavores nobres, uma espada de copos de ouro, que se reverencia e se beija de joelhos; é o Brasil exprimindo os cantos imortais do coração da raça e do sentimento puro de bondade; o Brasil forte, respeitado, poderoso, civilizado, justo, sábio, heroico e belo, com o pensamento erguido para o alto, para o Cristo, princípio e fim de todos os caminhos humanos.
Esse é o Estado Integral, como eu o compreendo no recesso da minha consciência, nas horas caladas em que me dirijo a Deus, pedindo-Lhe que faça a felicidade do meu Povo.
E é por isso que, neste momento, eu quero fazer-vos a profissão pública da minha fé.
Eu creio em Deus Eterno; creio na Alma Imortal; creio no poder optativo, deliberativo da Alma Humana e na sua capacidade de interferência nos fatos históricos, levantando as multidões e conduzindo-as. Creio em Cristo e na luz que d’Ele desce. Creio que aqueles que O invocam, que Lhe suplicam inspiração, que Lhe requerem humildemente sabedoria, força, esperança, escutam as harpas misteriosas dos Arcanjos que despertaram um dia os homens simples e de boa vontade para que louvassem o Senhor.
Por Cristo me levantei; por Cristo quero um grande Brasil; por Cristo ensino a doutrina da solidariedade humana e da harmonia social; por Cristo luto; por Cristo vos conclamo; por Cristo vos conduzo; por Cristo batalharei.
Na hora da perseguição, das dificuldades, das incertezas para nós, para o Brasil, quero contar convosco, ó Cristo! Na hora da vitória, quero construir convosco. E quando nos chamarem fracos, ó Cristo, eu vos peço, dai-nos, do alto da Vossa glória, a Vossa fortaleza!