O seguinte manifesto foi uma entrevista cedida por Plínio Salgado ao Correio da Manhã, no dia de seu aniversário, em 22 de janeiro de 1935. Antes das 10 horas, todos os exemplares do jornal foram esgotados. A demanda foi tão grande que, numa das únicas ocasiões do tipo na história do Brasil, o Correio da Manhã precisou republicar a entrevista no número do dia seguinte, 23 de janeiro. Novamente, todos os exemplares se esgotaram antes das 12 horas. Muitos grandes intelectuais integralistas consideravam este texto um dos documentos mais importantes e expressivos do Integralismo de Plínio Salgado, que o elencou como um dos documentos básicos da Doutrina do Sigma. Esta entrevista explica, com precisão, ideias como a Revolução Interior, o método revolucionário do Integralismo, a Filosofia Integralista, a concepção integralista de Estado, a ideia política do Estado Corporativo e a mentalidade integralista. A entrevista também foi reeditada na coletânea O pensamento revolucionário de Plínio Salgado, de D. Augusta Garcia Rocha Dorea. Nesta publicação atual, omitimos algumas partes temporais, sobre a prática do movimento integralista nos anos 30, para transmitir mais claramente o conteúdo doutrinário. A bibliografia da Doutrina Integralista aprofunda todos os pontos introduzidos aqui.

Bases do Integralismo Brasileiro

A Ação Integralista Brasileira é um movimento revolucio­nário, não no sentido comum que se empresta a esta expressão, porém num sentido mais alto e profundo.

Quando falamos “revolução integralista” não nos referimos à arregimentação de forças heterogêneas e confusas, tangidas unicamente pelos descontentamentos coletivos e objetivando ex­clusivamente o assalto ao poder. Este movimento, que, em ex­tensão geográfica, abrange um território igual ao da Europa, é o mais tipicamente cultural de todos os movimentos sociais e nacionais contemporâneos.

A revolução integralista se processa em dois planos simul­taneamente:

1º) — O plano espiritual, mediato;

2º) — O plano cultural, imediato.

No plano espiritual, o objetivo é mediato, porque para atin­gi-lo teremos de levar muitos anos de doutrinação, de educação constante do povo, de esforço individual de cada um.

No plano cultural, o objetivo é imediato, porque o Brasil necessita, desde logo, de uma transformação do Estado, mediante a qual poderemos, como queria Alberto Torres, assumir nova atitude em face dos problemas.

A REVOLUÇÃO ESPIRITUAL

Seria ridículo que nós nos apresentássemos à Nação, dizendo: “somos os homens perfeitos, somos os únicos honestos, somos os santos e os heróis, e só a nós assiste o direito de governar o país”. Essa atitude de orgulho é que tem posto a perder a todos os que julgaram salvar o Brasil mediante simples revolu­ção de quadros, simples mudança de homens. Em 1930, brasi­leiros bem intencionados, porém tentados pelo demônio da vai­dade, apresentaram-se à Nação como os “puritanos da Pátria”. Esse espírito de puritanismo não permitiu que os problemas nacionais fossem estudados na sua complexidade e nas suas mais profundas raízes, criando-se, apenas, o mito da “morali­dade administrativa”, que, sendo um dever, não pode ser objeto de programa.

Plínio Salgado

O Integralismo sabe que o Brasil não é um país de santos canonizados nem de anjos pulcros. A doutrina do Integralismo, em relação às questões de Estado não vai buscar a sua inspi­ração no otimismo de Rousseau e de Locke. Pelo contrário, somos pessimistas em relação à possibilidade de uma instantâ­nea transformação dos homens, repousando toda a nossa espe­rança imediata na transformação do regime, de modo a poli­ciarmos as tendências más que uma educação materialista agra­vou no país. Não vamos aos excessos pessimistas de Hobbes, imaginando o Leviatã, o Estado absorvente, anulador de todas as liberdades. Conservamo-nos na linha realista, crentes de que uma obra sistemática de educação individual e da coletividade elevará a média das virtudes morais e cívicas do povo brasi­leiro, cuja estrutura mais íntima nos revela traços de superio­ridade incontestável.

Essa obra de educação é que nós chamamos a “revolução espiritual” e é em razão dela que nos distinguimos tanto do Fascismo como do Hitlerismo, imprimindo um sentido profundo ao nosso movimento.

FARISEUS E PUBLICANOS

Há no Evangelho uma parábola que serve para ilustrar o nosso pensamento. É a do fariseu e do publicano. Enquanto aquele vai se ajoelhar próximo ao altar, vangloriando-se de suas virtudes, da sua incorruptível maneira de cumprir a lei de Moisés, o pobre publicano ajoelha-se na porta do templo de Salomão, exclamando: “Não sou digno, Senhor, de me apro­ximar de Vós”. O Divino Mestre afirma que o publicano está no caminho da perfeição e esse é o caminho que eu indico a todos os integralistas.

O primeiro ato revolucionário do integralista é assumir essa atitude diante da Pátria. Em vez de viver apontando defeitos alheios, procurar descobrir os próprios defeitos e corrigi-los. Confiar mais no gênio da raça e na inspiração de Deus do que nos seus próprios méritos. Ferir de morte a vaidade, acei­tando muitas vezes o comando de um companheiro que tem uma posição social inferior à sua. Vencer a si próprio, contrariando-se, ciliciando-se a todo o instante em coração e espírito, con­vencido de que num país onde cada qual é intransigente em relação aos seus semelhantes, não existe possibilidade de har­monia social nem de grandeza da nacionalidade. Dominar o comodismo, a preguiça, o ceticismo, a desilusão, o cansaço, a impetuosidade, o egoísmo, o apego às glórias falazes, conven­cido de que ninguém tem o direito de pretender orientar uma Pátria, quando não é capaz de governar-se a si próprio. Esfor­çar-se, instante a instante, na aprendizagem do domínio de si mesmo, pois é neste domínio que reside a essência da autori­dade pessoal de cada um. Cultivar o amor ao seu povo e a generosidade para os que se manifestam incapazes de compre­ender este movimento, porque a conquista de todos os brasilei­ros muito depende da perseverança, da paciência, da tenacida­de e serenidade dos nossos doutrinadores. Despertar em si pró­prio as forças do sentimento nacional, porque a fusão de todas as centelhas de patriotismo de cada coração formará a fogueira que incendiará o grande coração da Pátria. Pedir a Deus cora­gem e paciência, fortaleza e inspiração, energia e bondade, seve­ridade sem alarde, bravura sem ostentação, virtude sem orgulho puritanista, humildade sem indignidade e dignidade sem ego­latria.

LUTA SUBJETIVA E AÇÃO OBJETIVA

Essa é a revolução interior, a revolução espiritual. Nós sabemos que ela se processará devagar, porque estamos enchar­cados dos vícios de uma educação materialista, de uma educação farisaica de catonismos hipócritas em que se esfacelou uma República que confiou mais nos doutores da lei do que na rea­lidade da Pátria e nas profundas verdades humanas.

Sei que essa Revolução Espiritual durará muito tempo e o seu triunfo completo só se dará nas futuras gerações. É por isso que, paralela a essa transformação do espírito nacional, es­tamos acionando a Revolução Cultural. Há no Integralismo uma revolução subjetiva e outra objetiva.

TRANSFORMAÇÃO DO ESTADO

Não podemos nos cingir exclusivamente à transformação espiritual, porque temos problemas imediatos e, principalmente porque, dentro do atual regime, tudo se tornará mais difícil para atingirmos os objetivos morais que colimamos. Enquanto a revolução espiritual se processa, por assim dizer, numa pro­gressão aritmética, a outra, a revolução cultural, se opera numa progressão geométrica. Os resultados que iremos obtendo, em síntese, podem ser comparados à razão logarítmica das duas revoluções.

O problema da transformação do Estado subordina-se a uma concepção filosófica da qual decorrem as soluções dos pro­blemas político e econômico. Partimos do princípio da auto­ridade moral do Estado, do conceito ético do Estado. Esse prin­cípio se origina da própria concepção do Universo e do Homem, encarados de modo integral. A subordinação do mundo da matéria e da força ao mundo do espírito e da vontade. A síntese das concepções científica e espiritual que marcam os aspectos das filosofias da Idade Média e do século XIX. Repeli­mos todas as unilateralidades tão características do século pas­sado. Assim fazendo, não condenamos, de um modo absoluto, os esforços prodigiosos dos pensadores, sociólogos e economistas do século XIX. Entendemos que cada corrente se colocou num ponto de vista restrito. A sociedade tem de ser encarada de modo total, não só em relação a seus aspectos formais, porém à natureza e direção de seus movimentos.

Não ficamos com aqueles que, como Spencer, subordina­ram tudo à sistematização do evolucionismo darwiniano, justi­ficando as opressões da burguesia contra os trabalhadores; nem com aqueles que, como Le Play, Ratzel, Demolins, pretenderam ver na geografia social a única chave dos problemas políticos; nem com aqueles que, como Gobineau ou Gumplowicz, apon­tavam toda a solução do problema étnico no mistério dos plas­mas germinativos; nem com Karl Marx, que considerou uma única face do Homem, a face econômica; nem com o liberalis­mo econômico, que se contradiz impedindo a ação do Estado no sentido de recompor equilíbrios quando indivíduos ou gru­pos de indivíduos burlam as leis naturais; nem com Sorel, que reduziu tudo à luta de classe; nem tampouco com aqueles que negaram a luta de classe.

Nós, integralistas, somos homens do século XX, ao passo que os liberais, os comunistas, os reacionários da extrema di­reita, os socialistas timoratos, os republicanos positivistas, os cientifistas políticos são homens de uma época que se assina­lou pelo sentido da análise.

Vivemos hoje uma época de síntese. Quando as ciências se encontram todas no recesso dos átomos, quase se confundin­do a química, com a astronomia, a velha verdade de Aristóteles surge do fundo da misteriosa harmonia da gravitação dos íons, mostrando-nos em todas as expressões do Universo a diferencia­ção, na unidade.

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Essa forma de mentalidade nova abre novos horizontes aos problemas políticos. O conceito revolucionário ganha nova significação como direito do Espírito e transformação permanente do Estado, guardados os princípios do Direito Natural e objetivado o destino supremo do Homem, segundo uma concepção espiritualista da existência.

O Estado passa a ser o Grande Revolucionário, falando em nome das inquietações, dos desejos, das aspirações superio­res, dos sentimentos de Justiça da Nação. O Estado adquire, assim, uma autoridade nova, sobrepairando aos interesses de grupos sociais, políticos ou econômicos. O Estado passa a ser o supervisionador, o mantenedor de equilíbrios, a concretização do ideal de justiça e de liberdade, o criador dos ritmos sociais.

CONSEQUÊNCIAS DA NOVA CONCEPÇÃO DO ESTADO

Uma vez que o Estado se constrói de acordo com a alma de uma Nação e recebe desta o poder revolucionário, ele, o Es­tado, tem o direito e a autoridade suficientes para interferir no campo econômico e social, político e financeiro, recompondo equilíbrios, sempre que alguns elementos da sociedade se hiper­trofiem em detrimento de outros.

É a atitude nova em face dos problemas. Revolução, em verdade, é mudança de atitude.

Verificando que a democracia está desvirtuada por erros do sistema; que o sufrágio universal é a maior das mentiras, a fonte de todo o caudilhismo político, o instrumento de opres­são dos ricos contra os pobres; que a quantidade excessiva de partidos decorre do sufrágio e que os partidos são hoje em número tão grande que só servem para anarquizar a Nação, enfraquecê-la, dividi-la e alimentar a popularidade fácil de demagogos espertos; que a maior enfermidade do país é o regionalismo político, alimentado pelos partidos situacionistas e opo­sicionistas dos Estados, que não dão tempo aos brasileiros de pensar um pouco nos problemas gerais da Nação; que os pro­blemas econômicos são tratados pelo critério exclusivamente re­gionalista, em consequência da estreita mentalidade que os par­tidos provincianos estão criando; que o povo brasileiro está dividido e, por isso, enfraquecido, não podendo opor-se à ex­ploração do capitalismo estrangeiro; que os parlamentos polí­ticos constituem um entrave às medidas de ordem econômico-financeira que só um governo forte, ético, baseado em novos princípios, poderá tomar: — o Estado Integralista terá de subs­tituir, imediatamente, a fim de salvar a verdadeira democracia das garras de oligarquias financeiras, o arcaico aparelhamento dos partidos pela organização corporativa da Nação. Cada bra­sileiro terá de se enquadrar dentro da sua profissão. A vontade nacional será traduzida com honestidade e realidade, no âmbito dos interesses de cada classe. Só os vagabundos ficarão de fora, pois todo homem que trabalha terá de defender seus interesses dentro da sua corporação. Estará acabada a demagogia tanto civil como militar, ambas perniciosas, ambas atentatórias dos legítimos direitos de um povo, ambas fontes de caudilhismo, das oligarquias, da politicagem mais grosseira e pretensiosa.

Isto feito, a Nação estará em condições de olhar de fronte os grupos financeiros internacionais, dizendo a palavra que ainda não foi dita, desde que nos amarramos ao pé da mesa dos magnatas de Londres, há mais de cem anos. O Estado Na­cional Integralista poderá então iniciar a revolução da moeda, fundamental para a libertação de uma Pátria, de um povo de 40 milhões de habitantes e entravado na sua produção, no seu comércio, na incrementação de suas fontes de riqueza por um sistema absurdo que vem sendo posto em prática desde o alvorecer do século passado, com o fim de facilitar as especulações das Bolsas, o jogo criminoso do câmbio, a elevação das taxas de juros, a escravização de todos os produtores.

Longo seria expor os pormenores dessa grande revolução econômica; entretanto, estamos certos de que, dentro do atual regime, não haverá jeito algum de solucionar-se o problema fi­nanceiro do país.

Nem o problema financeiro, nem o da justiça social. A questão proletária no Brasil se entrosa com todas as outras questões de ordem econômica, financeira, ética e jurí­dica. Os socialistas no Brasil são da marca daqueles a que se refere Durkheim, dizendo que para eles o socialismo é apenas a questão operária. Nós, integralistas, sabemos que o caso ope­rário no Brasil terá de ser resolvido no conjunto que forma o quadro completo dos problemas nacionais.

VISÕES UNILATERAIS

Aliás, a unilateralidade é ainda um vício remanescente do século XIX, que temos de corrigir nos brasileiros. Muitos pen­sam que a solução do nosso caso está, por exemplo, na questão dos transportes; outros, que ela está na questão do café; outros só pensam no combustível; outros julgam encontrar a chave no livre-cambismo, ao passo que outros são protecionistas. Muitos acham que a alfabetização é o único problema, outros só falam no saneamento. Alguns só pensam no quadro econômico, outros só pensam no quadro moral e religioso. Muitos reduzem tudo a uma questão de moralidade administrativa. Há os fanáticos do problema dos latifúndios como há os que só se preocupam com a organização cooperativa. Observo que a tendência geral tem sido a de subordinar as questões mais complexas a um fator único. Essa mentalidade os integralistas têm de combater, jus­tamente porque a sua doutrina é integral. Todos os problemas se reduzem a um só: o problema do Brasil. Tudo tem de ser enquadrado num só pensamento e subordinado a uma única orientação geral e supervisionadora.

A DISCIPLINA

Os integralistas não dizem à Na­ção o que costumam dizer os puritanos e os fariseus do regime, atribuindo-se virtudes super-humanas. Os integralistas exclamam: “Somos brasileiros de boa vontade. Amamos nossa Pátria, cre­mos em Deus, estremecemos nossas famílias. Queremos ser bons e fazemos esforço para isso. Esperamos que Deus, que pôs a sua cruz de estrelas no céu do Brasil, nos inspire cada dia e nos ajude a cultivar as virtudes cívicas”.

O tempo que um integralista perderia fazendo acusações deve ser empregado fazendo exame de consciência e corrigindo as vaidades a fim de, um dia, quando tiver autoridade nas mãos, não assumir atitudes quixotescas alardeando superioridades ridículas.

O integralista sabe que tudo deve dar à sua Pátria, que nada deve pedir a ela. Sabe que sofrerá injustiças, será alvo de mentiras, de injúrias e calúnias, será ridicularizado por mui­tos e até apontado como louco. Abrasado pela divina loucura do amor da Pátria, ele a tudo será surdo. Suportará com ale­gria todas as perseguições que porventura lhe façam por ser integralista. Sofrerá a agressão dos comunistas, defendendo-se, mas sem ódio, porque o comunismo é um fenômeno de dor num espírito desorientado pelos maus. Nunca deixará de cumprir uma ordem de seus superiores, desde que ela não fira os prin­cípios cristãos em que se baseia o nosso movimento, porque uma ordem certa e discutida torna-se mais perniciosa do que uma errada e cumprida, porque esta, pelo menos, prestigia o princípio da autoridade e revela em quem obedece um triunfo moral sobre si próprio. Quem não sabe obedecer jamais saberá comandar e o Integralismo é também uma escola de coman­dantes.

A nossa disciplina condena os conchavos de bastidores com forças políticas liberais-democráticas, porque eles enfraquecem o princípio da autoridade. Nossa propaganda é a descoberto, para que não haja compromissos de ordem particular. A essên­cia do regime que desejamos é incompatível com processos ma­quiavélicos. Toda a preocupação dos integralistas é formar uma grande família, presa pelos laços indestrutíveis de uma doutrina e de uma solidariedade moral profunda.

CARÁTER BRASILEIRO DO MOVIMENTO

O que distingue o Integralismo dos movimentos naciona­listas que hoje se processam em quase todos os países do mun­do é exatamente o alto sentido sentimental. Cristalizando, dia a dia, uma unidade de pensamento, o Integralismo não se baseia num homem, porém num sistema de ideias. Seus alicerces, pois, são os mais sólidos possíveis. O Chefe não passa de um sim­ples soldado, que eventualmente exprime o princípio da auto­ridade. Não pretendemos uma ditadura, porque só os povos bárbaros toleram ditaduras, ainda quando estas venham disfar­çadas em positivismos de segundo grau, em consulados milita­res ou “comitês” ou juntas de salvação pública. Não nos insur­gimos contra homens, porque eles são produtos dos partidos. Os partidos são produto de um regime. O regime é produto de uma civilização. Essa civilização é produto de uma filosofia de vida. Essa filosofia de vida é produto de uma atitude de orgulho do homem. É aqui que encontramos o pivô do imenso maquinismo da economia e da política, maquinismo descontrolado, sem ritmo lógico e apenas expressivo da confusão dos espíritos no século XIX. É, entretanto, no sentimento delicado do povo brasileiro que vamos encontrar a chave com que abrimos as portas do século XX. Para compreender o movimento integra­lista é necessário compreender a alma brasileira e sentir os dramas universais. E essa compreensão é mais simples do que parece. Basta libertar-nos de nós mesmos, isto é, dos prejuízos de uma civilização desumana e de uma cultura livresca. Ser simples como a água e como a luz. Ser pobre em coração e em espírito. A lição política das nacionalidades está mais nas coisas simples e boas do que nas complicações com que o charlatanis­mo de um século perturbou ainda mais as almas agitadas dos povos.