Neste dia 22 de janeiro de 2022, quando se celebram cento e vinte e sete anos do nascimento do magno homem de letras, de pensamento e de ação que foi Plínio Salgado, apresentamos este singelo estudo sobre a obra poética deste tão injustiçado vate e bandeirante do Brasil Integral e Profundo, que mui elevadamente cantou, em prosa e verso, a nossa Pátria e a sua Tradição.

No dia 20 de janeiro de 1977, no auditório da Associação Paulista de Imprensa (API), que hoje leva o nome do ilustre jornalista Paulo Zingg, o Dr. Genésio Cândido Pereira Filho proferiu, a convite do mesmo Paulo Zingg, então presidente da aludida Associação, uma conferência sobre o mesmo tema do nosso presente estudo, promovida pela Associação Brasileira de Estudos Plínio Salgado e pelo Grêmio Cultural Jackson de Figueiredo e intitulada Plínio Salgado poeta. No ano seguinte, mais precisamente em 12 de setembro de 1978, o saudoso Dr. Genésio voltou a tratar do tema, em conferência denominada A poesia na obra de Plínio Salgado e realizada na sede da Academia Paulista de Letras.

Nosso estudo, seguramente, não terá nem de longe o brilho da conferência daquele autêntico bandeirante do espírito, sobrinho de Plínio Salgado e, como este, natural de São Bento do Sapucaí. No entanto, é ela o melhor que pudemos elaborar em nosso leito de acidentado e nela ao menos o distinto público poderá ter uma ideia, ainda que pálida, do que é a obra poética, em verso e prosa, do autor d’O estrangeiro e da Vida de Jesus, nobre adail da Fé e da Pátria, cujo nome e cuja obra permanecerão como um farol, iluminando o porvir deste grande Império do ontem e do amanhã.

Nascido aos 22 de janeiro de 1895 na bucólica e tradicional cidadezinha montanhesa de São Bento do Sapucaí, na parte paulista da Serra da Mantiqueira, Plínio Salgado foi e é não apenas um notável escritor, jornalista, orador, pensador e doutrinador nacionalista e tradicionalista, mas também um poeta e, inegavelmente, um grande poeta. E cumpre notar que se, no Poema da Fortaleza de Santa Cruz (1939), nos Poemas do século tenebroso (1961) e em muitas outras poesias, incluindo algumas de sua chamada fase parnasiana, é Plínio Salgado um poeta realmente grande, maior poeta ainda se revela ele em algumas de suas obras em prosa, a exemplo de O estrangeiro (1926), O esperado (1931), O cavaleiro de Itararé (1933), A voz do Oeste (1934), Geografia sentimental (1937) e Vida de Jesus (1942).

Plínio Salgado, esse tão grande quanto injustiçado “cavaleiro do Brasil Integral”,[1] “descobridor bandeirante das essências de sua pátria”[2] e “mais eloquente intérprete da Brasilidade”,[3] teve em sua São Bento natalos primeiros contatos com a poesia. Ali, naquela pacata e bela cidadezinha serrana, que, na expressão de Ribeiro Couto, “repousa entre verdes lavouras, num píncaro de serra, na Mantiqueira”,[4] ouviu ele um dia, ainda bem pequeno, um poema de verdade pela primeira vez. Era o magnífico Canto do Piaga, de Gonçalves Dias, declamado pelo seu primo Joaquim Rennó, mais conhecido como Quinzinho.[5]

Algum tempo depois, quando andava pelos dez anos de idade, Plínio escreveu, ainda em seu burgo natal, uma linda poesia, intitulada O amanhecer. Tendo lido o poema do filho, sua mãe, D. Ana Francisca Rennó Cortez, entusiasmou-se bastante e principiou a falar com ele a respeito dos grandes poetas brasileiros, em particular Castro Alves, Casimiro de Abreu, Fagundes Varela e Gonçalves Dias, fazendo-o se interessar pela luminosa vida desses imortais cantores da nossa Terra. O pai, o Coronel Francisco das Chagas Esteves Salgado, porém, em vez de se entusiasmar com o poema do filho, sentiu-se comovido e apreensivo. O pequeno poeta perguntou então à genitora o motivo da tristeza paterna e ela lhe disse que ele temia pelo seu futuro, uma vez que os poetas, em regra, são sempre sofredores. Diante disso, resolveu Plínio que seria romancista e logo começou a escrever um romance ambientado às margens do Lago Onega, na longínqua e fria Rússia dos czares. O romance, contudo, foi logo abandonado, tendo Plínio prometido a si mesmo que um dia escreveria um outro romance.[6]

Pouco mais tarde, todavia, Plínio Salgado, que tinha para a poesia vocação comparável à que tinha para o romance, voltou a escrever versos e, em 1915, aos vinte anos de idade, publicou, no Almanaque de São Bento, organizado por ele e por seu primo Joaquim Rennó, o soneto Pedra do Baú, bela homenagem àquele grande e “velho titã de pedra erguido na montanha,/ Impassível ao vento, e às borrascas, e ao raio”, imponente sentinela de São Bento, da Mantiqueira, do Vale do Paraíba, da Terra Bandeirante e do Brasil.[7]

Em 1919, Plínio, que já então publicara o opúsculo A Bélgica (1918), deu à estampa o seu primeiro livro propriamente dito, o volume de versos Tabor. Elogiado pela prestigiosa Revista do Brasil, então pertencente a Monteiro Lobato, Tabor contém um dos mais belos e célebres poemas de Plínio Salgado, A Canção das Águias, que passamos a ler:

CANÇÃO DAS ÁGUIAS

Eleva-te no azul! Corta-o, serena e forte…
Rasga o seio à amplidão! Embriaga-te no arrojo
do voo triunfal! Deixa que estruja o Norte,
que o mar rebente em fúria e encarcere no bojo
as potências revéis e as ciladas da morte!
Atira-te no espaço!
E, se um dia, singrando os céus, vieres de rojo,
rôtas as asas de aço,
banhada em sangue, o olhar em febre, a alma descrente,
não te abata o cansaço!
do oceano, atro e fatal, não te sorva a torrente…
Grita, forceja, anseia, e combate, e disputa!
Morre a lutar!
Morre na luta!
Mas, antes de morrer, tenta ainda voar![8]

A Canção das Águias, que posteriormente sofreria pequenas alterações, seria, ao longo dos anos, transcrita em diversos jornais, revistas e livros como o romance oriental A sombra do arco-íris, de Malba Tahan (heterônimo de Júlio César de Mello e Souza), editado em 1941, e na antologia de versos Breviário da vida heroica, organizada por Gumercindo Rocha Dorea e publicada, em 1955, pela Livraria Clássica Brasileira, cujo proprietário era, aliás, Plínio Salgado, fazendo parte da Coleção Águia Branca.

Algum tempo depois da publicação de Tabor, Menotti Del Picchia, que já então aderira ao denominado Modernismo, leu o livro e julgou-o “bom, ótimo, sublime”, mas para os parnasianos, e péssimo para seu gosto, chamando-o, jocosamente, de Tambor. Iniciou-se então uma violenta polêmica entre os dois poetas paulistas, que pouco depois se encontraram pessoalmente e ficaram amigos. E, um certo dia, em 1921, o até então parnasiano Plínio procurou o autor de Juca mulato (Menotti Del Picchia) e disse-lhe que aderira à “escola nova”, entregando ao amigo aquele que é provavelmente o seu primeiro poema em versos brancos e livres, intitulado Canto epitalâmico da morte.[9] Seguem os versos iniciais de tal canto, divulgado por Menotti Del Picchia no jornal Correio Paulistano aos 3  de novembro de 1921, fechando um seu artigo sobre Plínio, sob o título de Mais um futurista!:

“CANTO EPITALÂMICO DA MORTE

Numa infinita noite sem estrelas,
sem ar, vazio o espaço, o vácuo enorme,
sem um zumbido de inseto,
sem um ruído, sem um som, sem um leve cicio…

Numa infinita noite sem estrelas,
ora longe, ora perto, ora perdida
na amplidão sem limites, no infinito,
ouço sua voz, que é feita de silêncios,
voz que me chama, que me atrai, que me alucina…

É o canto epitalâmico da Morte.”[10]

No ano seguinte, isto é, 1922, Plínio Salgado participou ativamente da Semana de Arte Moderna, realizada no Teatro Municipal de São Paulo, teve poemas publicados na revista modernista Klaxon e foi citado como um dos mais importantes poetas novos do nosso País, na conferência O esforço intelectual do Brasil contemporâneo, proferida por Oswald de Andrade na Sorbonne, em Paris.[11] Deve-se sublinhar, porém, que, diversamente de Oswald de Andrade, Plínio Salgado jamais rompeu com a tradição literária, como, aliás, também não romperam com ela diversos outros poetas do chamado Modernismo, como Guilherme de Almeida, Menotti Del Picchia, Cassiano Ricardo, Ribeiro Couto, Manuel Bandeira, Tasso da Silveira, Augusto Frederico Schmidt e Cecília Meireles. Aliás, mesmo depois de haver aderido ao denominado Modernismo, escreveu ele muitos sonetos, como A batalha, inserido no já aqui mencionado Poemário da vida heroica:

“A BATALHA

O vencedor de todas as batalhas,
o triunfador de todos os perigos,
que entre balas, granadas e metralhas,
jamais tremeu em face de inimigos;

o que passou por apertadas malhas
de ciladas, ardis e ódios antigos,
e sacudiu as poeiras e cizalhas
da terra ingrata onde não teve amigos,

não é o herói que desfraldou bandeiras
e combateu a própria covardia
assaltando redutos e trincheiras,

mas é aquele que, humilde e sem história,
dia a dia lutou e pôde um dia
contra si mesmo proclamar vitória.”[12]

No ano de 1926, Plínio Salgado publicou o seu primeiro romance, O estrangeiro, que é, cronologicamente, o primeiro romance social em prosa modernista da Literatura Brasileira e, além de romance, é um magnífico poema em prosa. Como salientaria Menotti Del Picchia, o romance de estreia de Plínio Salgado, “confirmou-se como um marco renovador do romance brasileiro”[13] e, nos dizeres do poeta Rodrigues de Abreu, em tal obra Plínio se revelou “o Bielinsky e o Gogol do Brasil que renasce”.[14]

Considerado por Wilson Martins a maior realização romanesca da década de 1920, ao lado de O esperado, também de Plínio Salgado,[15] e classificado por Rachel de Queiroz como o “primeiro romance modernista” em importância,[16] O estrangeiro foi aclamado, nas semanas e meses que se seguiram à sua publicação, por escritores, poetas e críticos literários do quilate de Agrippino Grieco, Tasso da Silveira, Alberto de Oliveira, Afrânio Peixoto, Augusto Frederico Schmidt, Cassiano Ricardo, Nuto Sant’Anna, Jackson de Figueiredo, Monteiro Lobato, Tristão de Athayde, José Américo de Almeida, Rodrigues de Abreu, Genolino Amado e Andrade Muricy, assim como pelo sociólogo, historiador e jurista Oliveira Vianna.[17]

Se o sucesso de crítica d’O estrangeiro, maior poema em prosa do chamado Modernismo Brasileiro,[18] foi realmente muito grande, não menor foi o seu sucesso de público. A primeira edição de tal obra se esgotou em menos de vinte dias, enquanto a imprensa pátria fazia um verdadeiro burburinho em torno do livro, que fez de seu autor um escritor nacionalmente consagrado.

A fim de que todos aqui possam ter uma noção, ainda que incompleta, da poesia em prosa d’O estrangeiro, seguem alguns trechos do primeiro capítulo desta obra:

“1
PIRATININGA

Na noite espessa, os gritos das locomotivas cruzavam-se repentinos, como meteoros de som.
Adivinhavam-se os vultos pardos dos edifícios lavados pela verde surdina dos lampiões a gás.
E os cochichos do vento arrepiavam os ouvidos dos plátanos sensíveis.
*
(…)
[Ivã] Chegara, na tarde cinza, num carro de segunda classe. Após 20 dias nos porões do navio, aquelas palavras caíram sobre seu espírito, como a mão de ferro de um cossaco abatida sobre o ombro de um suspeito.
*
As lanternas piscavam na escuridão.
Achara-se em Gênova, para escapar ao fuzil em Moscou.
O céu baixo abafava a planície da Mooca e do Brás, esmagada pelo casario em atropelo.
(…) A noite parara quieta como uma espera.
Estava na Terra da Promissão. Mas estava encarcerado. Nove horas e a sineta impusera silêncio. E antes que os portões se fechassem, já o verdugo-cansaço estatelara nos leitos os corpos moídos dos exilados.
Entrava-se na terra livre da América, como um condenado. A sentença bíblica, pronunciada à saída do éden, repetia-se às portas do novo paraíso: – DEPARTAMENTO ESTADUAL DO TRABALHO.
*
Na noite baixa, povoada de gritos e lanternas, um vulto surgiu com o passaporte e o cheiro da maresia e do carvão de pedra. Longas tranças de ouro…
Ana… O mesmo nome da heroína de Tolstoi, porém não tinha a exaltação pressaga da Karenine. Era a beleza inocência. Fora cruel sem o saber. No fundo, era boa, e seria santa, se houvera surdido da onda humana, que tirita de fome e de frio nas ruas pardas e nos contos de Gorki. Vinha, entretanto, de cinquenta gerações da aristocracia, vítima da fatalidade, com o mesmo terror místico do mujik submetido à tradição da ordem social.
— Amo-te! Mas é um absurdo, meu Deus! Não! Segue o teu caminho!
Ivã seguiu o seu caminho. Fez-se revolucionário, conspirou nos bairros escusos dos clássicos porões, onde fervia em ebulição o cérebro da pátria. Esteve perseguido e ameaçado de morte.
Uma campainha retiniu. Abriram-se porteiras e o comboio alvejou a treva com um tiro cegante de holofote.
*
O noturno passou numa rajada.
Depois, tudo caiu no silêncio e as lanternas abriram os olhos insones para o céu sem estrelas.
E o céu de nuvens parecia um campo invertido, com castelos tenebrosos. Os eucaliptos escachoavam baixinho; os vultos das árvores laivavam-se de dúbias claridades de nebulosas.
Prisioneiro, como um fardo que leva um rótulo e espera o dono, Ivã figurava no firmamento a terra torva e ameaçadora, o planeta sinistro de que fugia. Escravo embora, sentia-se abroquelado contra uma outra escravidão longínqua…
Subira a serra comendo bananas.
Cubatão. Depois nevoeiro. Cigarros e velhas lembranças. Planície, vitória do sol: Piratininga!
*
Os cabos tratores assobiavam como gemidos de frio da serra invernosa na manhã brumosa. Homens broncos e mulheres de tamancos. Sol.
Paisagem ciranda, montanhas rodando à roda, mãos dadas. Velocidade ta-ra-tan, ta-ra-tan… e o espírito corre-corre da saudade e da esperança…
O sol mordeu a nuca da serra que namora o mar. Um vilarejo espiou atrás da estação escura com café requentado. Lenço branco agitado em veneziana verde.
As ruas trepavam estreitas no morro, com alpendres em flor como presepes e idílios.
Planície, cartazes, chalés.
*
Piratininga! Cidade de ouro resplandecendo na aurora! Diadema na cabeleira verde dos cafezais! Corpo astral, invisível da cidade parda, de chaminés negras e bairros escusos…
*
Doze badaladas caíram na escuridão. Ao longo da linha deserta, locomotivas gulosas dormiam digerindo quilômetros. Gritos fanhos de buzinas ziguezagueavam na treva.
Ivã caminhou vagaroso para o leito. Adormeceu pensando num lindo abacaxi, que vira ao desembarque, no cais”.[19]

Em 1931, o poeta d’O estrangeiro deu à estampa um novo poema em prosa, o romance O esperado, que, se não teve a mesma repercussão do primeiro romance, não deixou, contudo, de ser um sucesso de público e de crítica, considerado por Tristão de Athayde “uma obra vigorosa, intensa, vívida e que ficará como um documento considerável do momento social que vamos vivendo” e “um livro poderoso e impressionante, que é um retrato trágico do Brasil de hoje”.[20] Os dois breves capítulos derradeiros desse impactante romance-poema de Plínio Salgado servem para dar uma ideia do que é tal obra:

“A febre tinha galgado a coluna termométrica oscilando na altura dos quarenta. Edmundo, no seu delírio, imaginava embalar-se numa rede, no calor emormarçado dos estios brasileiros. Uma paisagem com palmeiras recortadas no firmamento azul, de ar parado. Um silêncio de meio-dia, de luminosidade cegante. Enormes arvores pesadas, com balanços de cipós. Onde lerdos bichos-preguiças serravam as pálpebras dormentes. Molezas felinas de onças dormitando na sombra das grotas boas. Lagoas, igarapés do Norte; sangas esverdeadas do Sul. Tabuleiros infinitos, causticados de canículas. Matas impermeáveis onde o vivo rubro das flores equatoriais, o violeta-cinza das quaresmeiras e o ouro cegante dos ipês. E planos indefinidos, pântanos largos e negros, pesados. Com antas pesadas, andando. Subia um rumor de tudo aquilo. Era uma marcha lenta e lerda.

— Ouço passos, estão andando…

Parecia uma procissão vagarosa. Numerosa. De todos os lados da carta geográfica do Brasil… Eram pés nas calçadas, nas estradas, nas campanhas, nos pântanos. Que vinham do Nordeste, que vinham da Amazônia; que se espraiavam pelo planalto do Centro; que se multiplicavam nas Campinas, nas planuras de Goiás, de Mato Grosso.Pelas pastagens de Minas, pelas ruas de café de São Paulo, na ondulação das coxilhas meridionais.

Quarenta milhões de seres humanos andando. Oitenta milhões de pés, movendo-se lerdos e pesados, mais inflexíveis e insistentes.

— Escutem… Há um rumor de passos. O Brasil está andando… São multidões que crescem de todos os lados. Não são barulhos do mar, nem das florestas nem dos ventos. Ouço passos andando…

(…) Para onde?”[21]

Infelizmente não dispondo de tempo e de espaço suficientes para tratar aqui da poesia presente nos romances plinianos O cavaleiro de Itararé, de 1933, A voz do Oeste, de 1934, e Trepandé, escrito no final da década de 1930 mas só publicado nos anos 70, passemos a falar da obra Geografia sentimental. Dada à publicidade em 1937, pela José Olympio Editora, a Geografia sentimental é, sem sombra de dúvida, um dos mais belos poemas em prosa já escritos em nossa Pátria e um repositório da mais autêntica, pura e viva Brasilidade que todos os filhos deste vasto Império deveriam conhecer. Segue um dos mais formosos e significativos trechos desse belo poema-retrato da nossa amada Terra de Santa Cruz:

“A minha terra é linda!

Acaso, à hora do Angelus, quando as igrejinhas humildes batem, sonoras e comovidas, as “ave-marias” algum país do mundo terá estes poentes de porcelana, com estas cambiantes transparentes de azul e rosa, amortecendo em violeta, e acendendo a imensa estrela?

E nas luminosas manhãs de janeiro e de abril, que países me oferecerão estes trechos de muros velhos, enegrecidos, coroados de rosas, de onde sobem, serenas e ridentes, como a canção da Primavera, as verdes palmeiras, altas, imperiais?

E esses bancos de pedra debaixo da “enorme e frondosa mangueira”? E a “casinha pequenina”, com o coitado do coqueiro, que morreu de saudade? E o “luar do sertão”? E a rua “onde mora um anjo”?

E essas noites carregadas de astros coruscantes sobre as ruas ermas das cidadezinhas do interior, com a grande lua, a estranha poesia dos silêncios enormes?

Brasil dos prantos de Moema! Brasil da Moreninha! Brasil da “Inocência” de Taunay, e da “Iracema” de José de Alencar!

Brasil de Casimiro de Abreu e de Lobo da Costa!

Brasil ingênuo, Brasil amoroso…

Brasil delicadeza!”[22]

Plínio Salgado escrevendo no exílio

Em 1942 veio à luz, pela editora Panorama, de São Paulo, a primeira edição da Vida de Jesus, de Plínio Salgado. “Joia de uma literatura”, no dizer do Padre Leonel Franca, a Vida de Jesus é outro magnífico poema em prosa do autor d’O esperado. Uma vez que, como afirmamos há pouco, são exíguos o nosso tempo e o nosso espaço, citaremos apenas um breve trecho daquela que é a mais bela Vida de Jesus de quantas leu o Cardeal Cerejeira[23] e de quantas lemos nós, em que Plínio descreve o vilarejo de Nazaré:

“Nazaré, pequenina cidade da gleba florida e amável da Galileia, ergue-se, como Caná, sua vizinha montanhesa, e as irmãs praianas Betsaida e Cafarnaum, com as suas casas cúbicas, muros de pedra e alpendres coloridos de trepadeiras.

Figuremo-la no tempo de Augusto e de Tibério.

Ali, ao sopé da encosta, erige-se a cisterna com sua coberta, sua carretilha, seu poial e seus bancos de pedra. Pelas estradas que se dirigem para Naime Citópolis, cortando a planície do Esdrelão; ou para oeste, contornando o Monte Carmelo; ou para o lago, descendo pelos contrafortes de Efraim, vão e vêm campônios cavalgando jumentinhos humildes; e, por vezes, levanta a poeira, num galope, um cavaleiro romano.

As manhãs de sol e os dias luminosos são quietos e sossegados. As tardes brilham em tons de porcelana, acendendo no ocidente uma grande estrela. E as noites resplandecem no alto e grave silêncio cintilante.”[24]

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Em 1939, quando, por motivos políticos, encontrava-se preso na Fortaleza de Santa Cruz, Plínio Salgado compôs Poema da Fortaleza de Santa Cruz, pequena-grande obra que se constitui num dos mais monumentais poemas épicos da nossa Pátria e da nossa língua.

O Poema da Fortaleza de Santa Cruz foi publicado ainda em 1939, numa edição clandestina, e pela primeira vez oficialmente em 1951, numa belíssima edição de luxo ilustrada da Editorial Guanumby, de Genésio Pereira Filho, reproduzida em fac-símile quarenta anos mais tarde, graças ao Prof. Adolfo Vasconcellos Noronha, pelo Departamento de Difusão Cultural da Sociedade Guarulhense de Educação e pelas Faculdades Integradas de Guarulhos. Tal Poema foi escrito enquanto Plínio, comovido pelos brados noturnos de “Sentinela alerta!”, a que outras sentinelas respondiam, sucessivamente, com um “Alerta estou!”, meditava no dever que corre a todos os brasileiros de estar alerta contra os inimigos da Pátria, contra aqueles que querem destruir os seus fundamentos cristãos e suprimir a verdadeira soberania, a real independência da Nacionalidade”. Como escreveu o magno vate patrício, a sua pena corria e seu pensamento “estava presente em todas as cidades da imensa terra do Brasil”. Em suas palavras, o “céu, carregado de estrelas, coroava a silhueta noturna das muralhas”, enquanto “o mar, o velho mar, testemunha de todas as lutas das gerações extintas, que legaram aos brasileiros patrimônio de honra e de virtudes preclaras, gemia dentro da noite, a chorar de saudade e a cantar de esperança”. Foi assim, ainda segundo o grande bardo de São Bento do Sapucaí, de São Paulo e do Brasil, “que nasceu o Poema da Fortaleza de Santa Cruz”,[25] de que seguem os últimos versos:

“Abre os olhos, sentinela!
Fica bem acordado!
Bem firme!
Bem vivo!
Bem atento,
Soldado do Brasil!

Guarda,
no recesso das casernas,
no átrio das fortalezas,
no seio dos navios,
esse Princípio Eterno,
essa Sagrada Essência,
esse impalpável transcendental sentimento
que se chama
– a Consciência da Grande Nação!

Já no oriente aponta o alvor da aurora…
Desmaiam as estrelas. Esvaem-se as sombras dos espetros.
O Cruzeiro se afasta para as ignotas regiões siderais.
Sobre os pátios desertos, pesa um silêncio enorme…
Dorme a cidade, ao longe, e a terra inteira dorme…
Só tu, sentinela, estás desperta!
Só tu, porque ninguém, na Pátria imensa, despertou!
Só tu que gritas: ‘Sentinela alerta!’
ao teu irmão que brada: ‘Alerta estou’

Alerta pelo Brasil, por nossa Pátria!
Alerta, como estiveram estes velhos canhões em outros tempos,
despedindo trovões sobre as ondas do mar!
Alerta, como o Espírito Imortal das Tradições Antigas
que, nos pátios da velha fortaleza,
à hora morta da noite, passeia devagar…

Alerta, sentinela, porque o teu grito simboliza
a própria voz do Exército, e da Armada,
dos quartéis, dos aviões e dos navios,
a bradar, a bradar!
A dizer a todos os tristes,
a todos os amargurados,
a todos os que se inquietam porque amam o Brasil,
– que a alma da Pátria não morreu;
e está tão viva nos quartéis, nas fortalezas,
como esteve nas guerras de outros tempos,
quando
com o sangue dos bravos se escreveram
as luminosas páginas heroicas!

***

Grita
para as trevas da noite!
Grita
para a amplidão!
Grita! Grita! porque só assim saberemos
que Osório está vivo!
que Caxias está vivo!
como vivos também Tamandaré, Barroso,
e, mais vivo, o Brasil em nosso coração!

À força de vigiar, hás-de acordar a Pátria!
À força de bradar, hás-de vê-la desperta!

Brasil! Acorda! Acorda!
Brasil! Acorda! Acorda!
A aurora já desponta!
Daqui a pouco, ouvirás os toques da alvorada
pelas cornetas triunfais!
Brasil, acorda e escuta!
Escuta, ergue-te e vive!
E, vivendo, glorioso e digno, responde
nestas últimas sombras da noite,
à voz que grita nestes pátios:
– Sentinela alerta!
Responde, do fundo dos teus sertões, das tuas florestas,
das tuas campanhas,
das margens dos teus rios, do alto das tuas montanhas,
nas amplidões continentais:
– ‘Alerta estou!’ ‘Alerta estou!’”[26]

Exilado em Portugal pelo Estado Novo de Vargas no ano de 1939, Plínio Salgado ali escreveu, em 1943, um Poema do Exílio a fim de celebrar o centenário da Canção do Exílio, de Gonçalves Dias, que a compusera em Coimbra no ano de 1843. Tal Poema iria compor uma obra maior denominada Poemas do Exílio, que, contudo, como ele, acabou não sendo jamais publicada. Possuímos, porém, os manuscritos do Poema do Exílio, a versão completa deste, datilografada e assinada pelo autor, e os demais Poemas do Exílio, também datilografados e esperamos vê-los um dia editados.

O Poema do Exílio se divide em sete partes, a saber: Canto I – Invocação;  Canto II – Os exilados; Canto III – Vozes da terra e do sangue; Canto IV – Canto de louvor à Terra Portuguesa; Canto V – Colóquios com o poeta do século XIX; Canto VI – Canto de glória à Pátria Brasileira; VII – Ofertório. Oportunamente apresentaremos um estudo mais detalhado do Poema e dos Poemas do Exílio, que figuram entre as mais belas composições poéticas do grande vate e cavaleiro do Brasil Integral que foi e é Plínio Salgado. Por ora, contudo, apenas transcreveremos as estrofes iniciais do seu monumental poema em celebração ao centenário da Canção do Exílio:

“Este é o meu Poema do Exílio celebrando
o Centenário da Canção do Exílio,
aquela Canção onde as palmeiras e as aves
batem as asas despertando
as estrelas do céu que tem mais estrelas.

Faz um século, precisamente:
– mil oitocentos e quarenta e três,
mil novecentos e quarenta e três –
que em Coimbra (lira em que tangeram suas poesias
lendários Reis, Cavaleiros e Profetas)
o Pajé do Brasil cantou saudosamente,
gloriosamente cantou
Antônio Gonçalves Dias.

Tenho diante de mim o teu retrato, ó Poeta!
Em ouro o emoldurei,
Para lembrar o sol do nosso país.
Tenho dentro de mim, tua Canção:
‘Minha terra tem palmeiras…’
‘Nossos bosques têm mais vida…’
‘Nossa vida mais amores…’

Cantas de tal maneira
a Terra Brasileira,
que me fica a impressão
de que foi para mim,
para minha tristeza e solidão,
que tu cantaste assim,
Antônio Gonçalves Dias,
Poeta do Maranhão!

Tu, Piága da raça ameríndia,
que no Brasil os augúrios traçaste
e, há cem anos, a inúbia altaneira,
clangorosa, fizeste troar!
certamente, ó Piága, ó Profeta,
esperavas, cem anos depois,
este encontro comigo, esta fala,
este aperto de mão entre nós dois!

Era preciso (sim, estava escrito
nos destinos da Pátria)
que alguém houvesse de entender teus
versos,
da maneira mais funda e dolorosa,
quando sobre eles o andar do Tempo
um século contasse.”

No ano de 1961, Plínio Salgado deu à estampa sua última obra poética, os Poemas do século tenebroso, escritos sob o pseudônimo de Ezequiel e publicados pela Livraria Clássica Brasileira, com prefácio de Alfredo Leite. É de tal livro o célebre poema O burguês é redondo:

“O burguês é redondo

O burguês é redondo,
mesmo que seja quadrado,
mesmo que seja comprido
ou curto.

Mesmo que seja alto ou baixo,
magro ou gordo,
corado ou pálido,
com bigodes ou sem bigodes,
é redondo.

Quer se deite com as galinhas
quer passe as noites nas boates,
quer amanheça no jogo,
é redondo.

Quer frequente as igrejas
ou a casa dos mulheres,
quer tome coca-cola ou uísque,
é redondo.

Quer seja comunista por esnobisrno,
ou fascista por egoísmo,
ou liberal por atavismo,
democrata-cristão, democrata-mação,
trabalhista, socialista, progressista,
o burguês é redondo.
A sua alma é redonda
tem a circunferência das moedas
e a forma das laranjas.

Seu coração é redondo e liso,
redondo o seu estilo, e o seu juízo,
a sua preocupação,
a sua admiração,
a sua paixão.

Tudo escorrega nele.
Tudo escorrega,
nada pega.

Sementes de ideal, de sonho, de heroísmo,
tudo desliza em seu redondo egoísmo,
nada lhe fica, nem na superfície.

Redondo rola e facilmente passa,
desatento aos clamores da desgraça,
indiferente às dádivas da Graça…

Porque em tudo, e em face de tudo,
nas crises, nas revoluções, na guerra ou na paz,
com medo, ou sem medo,
consciente ou inconsciente,
procurando saber apenas quanto ganha
ou quanto goza,
o burguês, por hereditariedade,
ou por fatalidade,
ou por comodidade,
é redondo, redondo, redondo…”[27]

Boa parte dos poemas escritos por Plínio Salgado ao longo da vida permanece inédita, havendo, no entanto, alguns de seus poemas inéditos sido divulgados em obras de autores como Alfredo Leite e Pedro Paulo Filho. Este último, ilustre poeta, historiador e memorialista dos Campos do Jordão, em conferência intitulada Plínio Salgado, esse injustiçado e proferida em São Bento do Sapucaí no ano de 1994, por ocasião da I Semana Plínio Salgado, declamou este belo poema inédito do vate do Poema da Fortaleza de Santa Cruz:

“Os homens passaram,
As gerações passaram,
As estrelas ficaram
Pontualmente, nas mesmas horas,
Nas mesmas posições,
Guardando o mistério
De todos os que passaram…
De todos os que já não são,
Mas que foram, que existiram
Com suas inquietudes
E suas dores”.[28]

Não podemos concluir estas linhas sobre o poeta Plínio Salgado sem recordar o fato de que o grande Movimento cívico-político e cultural por ele fundado, o Integralismo, não apenas contou com uma gigantesca plêiade de brilhantes poetas,[29] como também foi e é, ele mesmo, desde o seu nascimento oficial, aos 7 de Outubro de 1932, uma expressão da mais elevada Arte Poética. Neste sentido, aliás, assim ressaltou o próprio Plínio Salgado, ao explicar porque temos tantos poetas no Movimento do Sigma: “o Integralismo foi, desde o primeiro momento, uma expressão de Poesia”.[30]

Ainda como salientou Plínio Salgado, o Integralismo

“reviveu – pela Revolução Interior que pregava [e que ainda prega e seguirá pregando] – o espírito da antiga Cavalaria, incutindo, no ânimo de seus milicianos, o ideal do aperfeiçoamento do caráter, do cavalheirismo, da elegância e da distinção. Ensinou-lhes a grandeza do sacrifício e da renúncia, do cumprimento dos deveres acima das reclamações de direitos, o gosto nobre da defesa dos fracos e oprimidos, o culto respeitoso à mulher, o amor às tradições nacionais, a fé religiosa e a sobrenaturalização dos atos da existência. Reviveu na sua memória os feitos e os heróis do Passado e apontou-lhes no Futuro a Grande Nação que eles estavam construindo. E tudo isto é Poesia.”[31]

Consoante sublinhou o vate do Poema da Fortaleza de Santa Cruz, “o rufar dos tambores, o canto dos clarins, o rumor cadenciado das marchas” integralistas despertava nos soldados do Sigma profundas emoções poéticas e as grandes concentrações nacionais do Movimento, de que tomavam parte filhos de todas as províncias brasileiras, “criavam uma forte consciência da Unidade da Pátria e sugeriam a ideia do Grande Império”.[32] Como evocou ele, pela primeira vez na nossa História, foram ter a Petrópolis, por iniciativa integralista, punhados de terra de cada uma das províncias do Brasil. No altar da Pátria erigido pelos bandeirantes de Deus e da Pátria, misturou o Chefe Nacional (Plínio Salgado) todas aquelas terras da nossa Terra de Santa Cruz e, fazendo um dos mais comovidos discursos de sua vida, afixou um painel com estes seus imorredouros versos:

“TERRA DO BRASIL

Ela era uma só.
Os maus dividiram-na.
Nós a uniremos aqui,
como unida está
em nossos corações.
Um dia se ouvirá
o tropel da Grande Marcha
e ela ressoará como um bronze
Na glória de um Grande Império”.[33]

O Integralismo foi e é, portanto, em uma palavra, uma magna expressão da mais autêntica e nobre Poesia.

Mais ilustre dos filhos de São Bento do Sapucaí, pequena cidade que se fez grande pelos seus grandes filhos, Plínio Salgado foi e é o poeta por excelência desse tradicional e pacato burgo montanhês, ao lado de Ribeiro Couto, vate santista que pode ser contado como filho adotivo daquele município encravado nos cimos da Mantiqueira, perto dos Céus e longe da frenética agitação das metrópoles.[34] Em uma palavra, é Plínio Salgado, juntamente com o autor de Longe e Largo da Matriz (Ribeiro Couto), o poeta, o bardo por excelência de sua terra natal, de sua fresca e sossegada cidadezinha, adormecida num cimo de serra, coroada pelas névoas da Mantiqueira e ancorada nas névoas do mar do tempo e que bem poderia ser descrita com estas palavras que o autor da Vida de Jesus usou para descrever Nazaré: “é uma aldeia montanhesa, cheia de poesia da terra, olhando os prados rescendentes de aromas, sob um céu azul translúcido”.[35]

Já nos tendo estendido além, muito além do que pretendíamos, encerramos aqui este singelo estudo a propósito do poeta Plínio Salgado, tão magno quanto injustiçado vate de São Bento do Sapucaí, da Mantiqueira, do Vale do Paraíba, de São Paulo e de toda a Terra de Santa Cruz, arauto, cavaleiro, bandeirante e apóstolo de Cristo Rei e da Brasilidade verdadeira e autêntica.

Victor Emanuel Vilela Barbuy,
São Paulo, 22 de janeiro de 2022.

Notas e referências

[1] “O cavaleiro do Brasil Integral”, in Sei que vou por aqui!, ano I, n. 2, São Paulo, setembro-dezembro de 2004, p. XVII. Artigo originalmente publicado no Jornal do Brasil a 20/07/1933.

[2]Cf. Francisco ELÍAS DE TEJADA, “Plínio Salgado na tradição do Brasil”, in VV.AA., Plínio Salgado: “in memoriam”, Volume II, São Paulo, Voz do Oeste/Casa de Plínio Salgado, 1986, p. 70.

[3]“A notável oração do Dr. Hipólito Raposo”, in VV.AA., Plínio Salgado: “in memoriam”, Volume II, cit. p. 189.

[4]O cavaleiro do Brasil Integral”, cit., p. XVII

[5] Cf. Maria Amélia Salgado LOUREIRO, Plínio Salgado, meu pai, São Paulo, Edições GRD, 2001, p. 52.

[6] Idem, pp. 65-66.

[7] Almanach de S. Bento (1915-1916), São Bento do Sapucaí, São Paulo, 1916.

[8] Thabôr, São Paulo, Secção de obras de O Estado de S. Paulo, 1919, p. 12.

[9] “Crônica social: Mais um futurista!”, in Idem, O Gedeão do Modernismo: 1920-22, Introdução, seleção e organização por Yoshie Sakiyama Barreirinhas, Rio de Janeiro, Civilização Brasileira; São Paulo, Secretaria de Estado da Cultura, 1983, pp. 282-284. Texto originalmente publicado no Correio Paulistano, nº 20953, São Paulo, 3 de nov. de 1921, p. 4.

[10] In Idem, pp. 284-286.

[11] A conferência, proferida em francês, foi publicada em tal idioma na Révue de l’Amérique Latine, a. 2, n. 5, Paris, 1923, pp. 197-207 e depois traduzida, ainda que não na íntegra, e publicada na Revista do Brasil, de São Paulo (n. 23, dez. de 1923). A versão do texto estampada na Revista do Brasil foi depois transcrita nas Obras completas de Oswald de Andrade (Estética e Política, Organização, introdução e notas Maria Eugenia Boaventura, 2ª edição revista e ampliada, São Paulo, Globo, 2011) e também na obra Brasil: 1º tempo modernista: 1917/29, organizada por Marta Rossetti Batista, Telê Porto Ancona Lopez  e Yone Soares de Lima (São Paulo, Instituto de Estudos Brasileiros, 1973, pp. 208-216).

[12] In  VV.AA., Poemário da vida heroica, Rio de Janeiro, Livraria Clássica Brasileira, 1955, p, 23.

[13] “Plínio Salgado, o fraterno amigo”, in VV.AA., Plínio Salgado: “in memoriam”, Volume I, São Paulo, Voz do Oeste/Casa de Plínio Salgado, 1985, p. 45.

[14] “O estrangeiro”, in VV. AA., Plínio Salgado, 4ª edição, São Paulo, Edição da Revista Panorama, 1937, p. 247.

[15] O modernismo, 4ª edição, São Paulo, Editora Cultrix, 1973, p. 251. Cumpre ressaltar que Wilson Martins cometeu um pequeno equívoco ao considerar o romance O esperado, escrito quase que integralmente em 1930 e publicado no ano seguinte, como uma obra da década de 1920.

[16] In A Hebraica, São Paulo, julho de 1995, p. 33.

[17] Cumpre assinalar que aos elogios de tais autores ao romance O estrangeiro somar-se-iam, nos anos seguintes, os elogios de outros notáveis escritores, críticos literários e pensadores, como Gerardo Mello Mourão, Jamil Almansur Haddad, Miguel Reale, Virgínio Santa Rosa, Mário de Andrade, Alberto de Oliveira, Afrânio Coutinho, Silveira Bueno, Silveira Peixoto, D. Arnoldo Nicolau de Flue Gut, Érico Veríssimo, Everardo Backheuser, Fernando Whitacker da Cunha, Austregésilo de Athayde, Augusta Garcia Rocha Dorea, Maria Amélia Salgado Loureiro, Zélia de Almeida Cardoso, Francisco Marins, Amândio César, Francisco Elías de Tejada e os já mencionados Wilson Martins e Rachel de Queiroz.

[18] A propósito, bem nos recordamos de que, durante a conversa que tivemos, no ano de 2005, com o Professor Miguel Reale, concordou este conosco quando dissemos que O estrangeiro é o maior poema em prosa do Modernismo Brasileiro e ressaltou, em seguida, que não apreciava muito os poemas em verso de Plínio Salgado, mas gostava bastante de seus poemas em prosa, como os romances O estrangeiro, O esperado, O cavaleiro de Itararé e A voz do Oeste, e, é claro, a Vida de Jesus.

[19] O estrangeiro, 8ª edição, Desenhos de Poty, Nota de Monteiro Lobato, Rio de Janeiro, Editora José Olympio, 1972, pp. 5-10.

[20] Trechos citados na contracapa da 5ª edição (na verdade 6ª) de tal romance, lançada em 1981, no cinqüentenário da obra, pela Editora Voz do Oeste, de São Paulo, em convênio com o Instituto Nacional do Livro e o Ministério da Educação e Cultura.

[21] O esperado, 5ª edição (na verdade 6ª), São Paulo, Voz do Oeste; Brasília, INL (Instituto Nacional do Livro)/MEC (Ministério da Educação e Cultura), 1981, pp. 241-242.

[22] Geographia sentimental, 2ª edição, Rio de Janeiro, Livraria José Olympio Editora, 1937, pp. 29-30.

[23] In Plínio SALGADO, Vida de Jesus, 9ª edição, in Obras completas, volume 1, 2ª edição, São Paulo, Editora das Américas, 1956, p. 9.

[24] Vida de Jesus, 20ª edição, com reprodução de arte sacra das igrejas da Bahia, São Paulo, Voz do Oeste; Brasília, INL (Instituto Nacional do Livro), 1977, p. 10.

[25] Poema da Fortaleza de Santa Cruz, 4ª edição (3ª oficial), in Obras Completas, 2ª edição, Volume 4, São Paulo, Companhia Editora das Américas, 1957, pp. 222-223.

[26] Poema da Fortaleza de Santa Cruz, 4ª edição (3ª oficial), cit., pp. 257-261.

[27] Poemas do Século Tenebroso, Prefácio de Alfredo Leite, Rio de Janeiro, Livraria Clássica Brasileira, pp. 21-22.

[28] Plínio Salgado, esse injustiçado”,  in Gumercindo Rocha DOREA (org.), Anais da Primeira Semana Plínio Salgado, São Bento do Sapucaí,  Espaço Cultural Plínio Salgado, 1994.

[29] Dentre os grandes poetas do Integralismo, podemos citar, além de Plínio Salgado, Tasso da Silveira, Ribeiro Couto, Augusto Frederico Schmidt, Gerardo Mello Mourão, Dantas Mota, Vinícius de Moraes, Francisco Karam, J. G. de Araújo Jorge, Judas Isgorogota (pseudônimo de Agnelo Rodrigues de Mello), Francisco Luís de Almeida Salles, Lima Netto, Brasil Pinheiro Machado, Othon Gama d’Eça, Conde de Afonso Celso, Mansueto Bernardi, Catulo da Paixão Cearense, Carvalho Filho, Eulálio Motta, Laurindo Gomes Maciel, Gustavo Barroso, José Mayrink de Souza Mota, Paulo Fleming, Jacinto de Figueiredo e Luís da Câmara Cascudo, este último um poeta bissexto.

[30] “Porque tivemos poetas no Integralismo”, in Enciclopédia do Integralismo, Volume VII, Rio de Janeiro, Edições GRD, Livraria Clássica Brasileira, s/d, p. 7.

[31] Idem, p. 8.

[32] Idem, loc. cit.

[33] Idem, pp. 8-9.

[34] Não por acaso Plínio Salgado referiu-se a Ribeiro Couto como “o poeta da minha terra natal” (Discursos parlamentares (Perfis Parlamentares, 18 – Plínio Salgado), Seleção e introdução de Gumercindo Rocha Dorea, Brasília, Câmara dos Deputados, 1982, p. 749).

[35] Vida de Jesus, 20ª edição, cit., p. 11.

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