A origem dessa oligarquia começou muito antes de o Brasil ser uma Nação. A família Ferreira Gomes é de origem portuguesa. Os capitães Domingos Ferreira Gomes e Bernardino Ferreira Gomes eram ambos naturais de Leiria, Portugal. Eles foram os fundadores da família no Ceará. Domingos se casou com Ana Maria Gomes, filha do capitão-mor do Ceará em 1776, em Sobral. O coronelismo na Terra do Sol continua a todo vapor: qual brasileiro hoje não ouviu falar sobre os Ferreira Gomes?

Vocês conseguiriam adivinhar quem foi o primeiro prefeito de Sobral e quem é o atual prefeito de Sobral? O primeiro prefeito de Sobral foi Vicente Cesar Ferreira Gomes, no ano de 1890, e, por uma grande coincidência do destino, José Ferreira Gomes, que era seu parente, governou a cidade de 1891 até 1892. Os dois primeiros prefeitos da cidade de Sobral eram da oligarquia dos coronéis cearenses. Ivo Gomes é o atual prefeito sobralense. Ele foi eleito em 2016 e conseguiu sua reeleição em 2020, de modo que teremos o coronel governando Sobral por oito anos seguidos, sendo esse o grande pluralismo de ideias da democracia liberal…

Hoje em dia os coronéis do Ceará vivem proclamando aos quatros ventos que são democráticos e sempre defenderam a liberdade. O histórico de sua família não corrobora essas narrativas. Vejam a história de alguns políticos de sua linhagem:

Em pleno governo varguista, que perseguia seus opositores políticos, Sobral ganhou um novo prefeito. Vicente Antenor Ferreira Gomes entrou no cargo em 1935, e ficou nove anos no poder, até 1944. Tivemos praticamente uma década de regência. No auge do Regime Militar, ao qual atualmente Ciro Gomes faz grandes críticas, seu pai, José Euclides Ferreira Gomes Júnior, ocupou título de prefeito em 1977 pelo partido governista ARENA.

Nesses dias da Nova República, temos os dois grandes caciques Ciro Gomes e Cid Gomes, que entram na política. Ambos são filhos de José Euclides Júnior — sempre é bom recordar, pois o brasileiro parece que tem memória curta. Cid Gomes ocupou o título de prefeito de Sobral de 1997 até 2005: foram oito anos de prefeito, seguidos pelo título de Governador do Ceará de 2007 até 2015, com mais oito anos. Foi ministro da educação em 2015, e atualmente é Senador pelo Ceará — por coincidência, por mais oito anos. Somando somente esses cargos, são mais de vinte e quatro anos de mandatos seus.

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Ciro Gomes é paulista; ele não conseguiu nascer nas terras dos grandes coronéis de sua árvore genealógica, não é um autêntico coronel sobralense. Adentrou na política na década de 80, foi deputado estadual de 1983 até 1989, prefeito de Fortaleza de 1989 até 1990, e governador do Ceará de 1991 até 1994. Além disso, obteve vários e vários cargos dentro da política, sendo escolhido por Lula para comandar o Ministério da Integração Nacional no período de 2003 até 2006. É um político profissional.

Esse é apenas um breve resumo do resumo em que abordei sobre os séculos em que os Ferreira Gomes estão parasitando a terra em que nasceram Padre Ibiapina, Gustavo Barroso, Padre Cícero, Farias Brito, Capistrano de Abreu, Alberto Nepomuceno, Patativa do Assaré, José de Alencar, Rachel de Queiroz, Gerardo Mello Mourão e outros grandes cearenses.

Vocês, brasileiros que não moram no Ceará, pensam que essa família é a solução para o Brasil? Vocês sabiam que o Ceará tem a quinta maior média de assassinatos do País? Que Ciro Gomes foi o responsável direto pela falência da Gurgel em 1993? Na época, a Gurgel havia montado uma fábrica no Ceará. Que o Ceará possui mais de 1,08 milhão de analfabetos? Essas são algumas breves informações que qualquer brasileiro encontrará sobre o atual sucateamento do Estado do Ceará. Apesar das grandes dificuldades, deixo uma reflexão deste grande poeta do Sertão cearense que é Patativa do Assaré:

Eu sou de uma terra em que o povo padece

Mas não esmorece e procura vencer.

Da terra querida, que a linda cabocla

De riso na boca zomba do sofrer

Não nego meu sangue, não nego meu nome

Olho para a fome, pergunto o que há?

Eu sou brasileiro, filho do Nordeste,

Sou cabra da Peste, sou do Ceará.

Jhonata Lima
Fortaleza Σ CE

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Carlos J. Pedrosa

“Eu sou do Sul. É só olhar pra ver que eu sou do Sul.” Sou filho de pai alagoano e mãe catarinense. Sou de Biguaçu, Santa Catarina: a terra de Anita Garibaldi. Vivo em Maceió, onde também residem meu três filhos sobreviventes. Minha terceira filha já faleceu. Minha esposa faleceu em 13/01/2023. E eu continuo na luta.

Grande e fraternal abraço para todos.

Carlos José Pedrosa

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