Alguns dizem que o Integralismo era uma cópia brasileira do fascismo ou do nazismo. Para uns, o Integralismo se baseava em Mussolini ou Hitler, e queria trazer para o Brasil a fórmula nazi-fascista e totalitária com leves alterações. Isto é falso.
De antes de 1932:
- “Aparecem duas tisanas para as doenças da Europa: o comunismo e o fascismo. Ambos materialistas decretam a falência da democracia: ou triunfa o imperialismo econômico baseado no ‘nacionalismo’, no ‘fascismo’, na ‘ditadura militar’; ou vence o imperialismo político da Terceira Internacional”. Plínio Salgado, Literatura e Política, 1927.
- “Não devemos transplantar para o Brasil nem comunismo, nem fascismo, nem outros sistemas exóticos”. Plínio Salgado, Manifesto da Legião Revolucionária de São Paulo, 4 de março de 1931.
- “O que se vai ler não é bem uma adaptação do atual regime político italiano, nem tampouco do regime bolchevista. Procuramos ficar, como se faz mister, a igual distância de ambos”. Olbiano de Mello, República Sindicalista dos Estados Unidos do Brasil, 1931.
- “O problema brasileiro é muito mais difícil do que os da Rússia, da Itália e da Alemanha. Os modelos de Lênin, de Mussolini e de Hitler, suas estratégias, seus processos, não valem nada no caso do Brasil”. Plínio Salgado, Fisionomia, A Razão, 1931.
De após 1932:
- “O fascismo é uma tendência forte para o Integralismo, mas não é ainda o Integralismo. […] O Integralismo não se confunde com nenhuma doutrina de outros países”. Miguel Reale, Integralismo, O Integralista, nº 1, novembro de 1932.
- “Muitos afirmam que somos fascistas. Se essa afirmação fosse exata, poderíamos também dizer que somos marxistas. […] Mas eu afirmo que nós superamos o fascismo e o bolchevismo”. Plínio Salgado, O Integralismo não é um partido, é um movimento, Folha da Noite, 6 de janeiro de 1933.
- “Vestimos um uniforme, a camisa verde, não porque imitemos o fascio italiano ou o alemão, não por teatralidade ou cabotinismo, mas para mostrar de público o que somos e o que queremos”. Gustavo Barroso, O Integralismo em Marcha, 1933.
- “O Fascismo […] se realiza com o formalismo e o espírito da tradição romana, de cima para baixo, num fortalecimento contínuo do Estado. […] Esse espírito anima uma estrutura política de absoluta centralização (Estado totalitário) somente comparável à realizada pelo governo dos Sovietes. Não é a autoridade que encontra um limite na autonomia do Indivíduo, mas é esta que se esbarra naquela”. Miguel Reale, A posição do Integralismo, Estudos Integralistas, abril de 1933.
- “O Integralismo, pois, no Brasil […] diferente é, por outro lado, não só do racismo alemão, cuja tese da superioridade étnica exprime um prejuízo de cultura, como, ainda, do fascismo italiano, ao qual somente nos ligamos no concernente à nova atitude do Estado em face da luta social [evitando a luta de classes com o Estado corporativo]”. Plínio Salgado, discurso de 5 de agosto de 1933, A quarta humanidade, 1934.
- “O Integralismo brasileiro está numa plana muito superior a todas as correntes políticas europeias. Somos mais avançados do que o fascismo”. Plínio Salgado, discurso de 5 de agosto de 1933, A quarta humanidade, 1934.
- “Eu incluo, como últimos episódios de um período que se extingue, a revolução russa e todas as revoluções fascistas”. Plínio Salgado, discurso de 5 de agosto de 1933, A quarta humanidade, 1934.
- “Acusam-nos de copiadores de Mussolini. E não têm eles nenhuma razão”. Madeira de Freitas, entrevista aos Diários Associados, 9 de novembro de 1933.
- “O fascismo tem qualquer coisa de Nietzsche, na sua concepção de vida, de energia e de força. O espírito romano tinha-se transladado da península para a Alemanha, inspirando toda a obra anticristã da Kulturkampf, traduzida, já agora, no conceito da superioridade racial do tipo dólico-louro. Esse movimento tem sua origem no sonho de restauração pagã de Juliano, o Apóstata, e torna-se culminante em Nietzsche, transbordando, depois, por toda a Europa. […] A proclamação de Marinetti e até mesmo certas atitudes do governo italiano, revelam a face nacionalista do fascismo com laivos de jacobinismo bem acentuados e alarmantes”. Plínio Salgado, O sofrimento universal, 1934.
- “Tenho dito e repito que o nosso movimento não se confunde com o Hitlerismo e o Fascismo. É muito maior, é muito mais profundo que ambos”. Plínio Salgado, discurso de dezembro de 1934, Cartas aos Camisas Verdes, 1935.
- “Os movimentos do moderno nacionalismo, na Itália e na Alemanha, proclamaram os direitos do Estado. […] O Homem, no estatismo racista ou imperialista, estandardiza-se, uniformiza-se nos movimentos de um todo que é a finalidade inumana do Estado”. Plínio Salgado, A Revolução da Família, A Offensiva, 17 de janeiro de 1935.
- “O nosso movimento nacionalista é muito diferente dos movimentos fascista e hitlerista. Os que nos confundem com estes movimentos nunca leram a literatura integralista”. Plínio Salgado, A Doutrina do Sigma, 1935.
- “Os ignorantes, que nunca leram as obras integralistas, quando falam em público sobre essa doutrina, não reparam que estão se expondo a um ridículo tremendo, ao afirmar que o integralismo é uma cópia do fascismo”. Plínio Salgado, A Doutrina do Sigma, 1935.
- “Desde o primeiro dia tenho dito e repito que o Integralismo é completamente diferente do Fascismo e do Hitlerismo”. Plínio Salgado, A Doutrina do Sigma, 1935.
- “Nós, integralistas, não temos que dar satisfações a estrangeiros! Não admitimos aqui palavras de ordem, nem de Stalin, nem de Hitler, nem de Mussolini, nem de Trotsky. Somos independentes. Somos dignos. Somos altivos. Somos livres”. Plínio Salgado, A Doutrina do Sigma, 1935.
- “O movimento integralista não é uma cópia do fascismo. […] Tendo privado com Mussolini por largo período, [Plínio Salgado] não se deixou prender pelas ideias. Plínio Salgado possuía um programa próprio, cujas bases firmes não poderiam ser abaladas pelo influxo de temperamentos estranhos”. Custódio de Viveiros, Camisas Verdes, 1935.
- “Assim como a Rússia encontrou a fórmula do Estado pelo autoritarismo despótico dos czares vermelhos, o fascismo encontrou a sua diretriz no modelo cesarista romano. Ambas, porém, são formas transitórias, porque fogem ao equilíbrio que deve haver entre a autoridade e a democracia, como ensina o cristianismo”. Ovídio da Cunha, Integralismo e Americanidade, 1935.
- “O fascismo italiano, no seu fundo doutrinário […] nada tem de cristão”. Ovídio da Cunha, Integralismo e Americanidade, 1935.
- “Como negar, pois, o lado eterno do caráter humano, que o marxismo desconhece […], assim como o próprio fascismo? […] O estatismo mussolínico traz em si mesmo o perigo da anulação da personalidade humana. […] O fascismo é muito nietzscheano. Ora, o integralismo não é nem fascismo nem racismo”. Ovídio da Cunha, Integralismo e Americanidade, 1935.
- “O Integralismo […] constitui atualmente a única revolução totalmente cristã, não se confundindo absolutamente com o fascismo e o nazismo […]. Hitler prega o orgulho da raça ariana, ideia absolutamente anticristã (e aliás anticientífica). Além disto, desvirtua o Cristianismo, subordinando-o à mentalidade alemã, quando justamente ele devia submeter esta mentalidade ao Cristianismo, que é universal e não conhece fronteiras. […] De outro lado, Mussolini, que está mais próximo de Nietzsche do que de Cristo, prega o orgulho, a vaidade, o imperialismo, a conquista, o direito do lobo sobre o cordeiro, mal disfarçando o seu paganismo cesáreo […]. O Integralismo está muito acima de tudo isto”. Júlio Sá, Cristianismo e Integralismo, A Ordem nº 69, novembro de 1935.
- “Surgido depois de Mussolini e de Hitler, [o Integralismo] afirma mais fortemente o primado do Espírito e mais alto se eleva, como prova sua doutrina, para as Verdades Eternas que cintilam nas auroras dos novos tempos”. Gustavo Barroso, O Quarto Império, 1935.
- “Não marxistas e não fascistas — somos um meio termo entre uma e outra corrente traçado rigorosamente em pura ideologia cristã”. Olbiano de Mello, Razões do Integralismo, 1935.
- “Superando o fascismo e todas as suas modalidades hoje em franco e vitorioso experimento político embasado em cesarismos orgânicos, [desfralda-se] a bandeira do Integralismo Brasileiro”. Olbiano de Mello, Razões do Integralismo, 1935.
- “O Integralismo. […] Um novo regime que, ultrapassando a fórmula rígida do fascismo italiano ou do recente nazismo alemão, tenha por princípios básicos os grupos que formam a sociedade”. Olbiano de Mello, Razões do Integralismo, 1935.
- “Nós, integralistas, que somos coisa absolutamente diferente do nazismo e do fascismo, não nos cansamos de dizer que nosso fundamento é o fundamento cristão”. Plínio Salgado, Nacional-Socialismo e Nacionalismo Cristão, A Offensiva, 14 de fevereiro de 1936.
- “Separam-nos, no entanto, diferenças profundas. […] Estudando-se bem as três doutrinas [Integralismo, Fascismo e Nazismo], verificar-se-á que o Integralismo […] não pode se aproximar do Fascismo e do Nazismo sem perda de expressão”. Gustavo Barroso, O Integralismo e o Mundo, 1936.
- “Recorda o Fascismo a imponente grandeza do Império Romano. […] O Nazismo instaura o culto histórico da raça nórdica. No germanismo antigo mergulha as raízes do seu messianismo nacionalista, do seu exclusivismo racial, mesmo do seu odinismo. […] É para essa consciência histórica da raça que o judaísmo talmúdico também apela no seu desvario de tomar conta do mundo, transformando o povo errante em povo-messias. […] Nenhuma dessas doutrinas […] tem o universalismo do Integralismo Brasileiro, porque este é um movimento profundamente cristão”. Gustavo Barroso, prefácio a Ensaio de Perspectiva da História, 1936.
- “Não incluiremos o Integralismo brasileiro, nem o lusitano no rol dos fascismos, porque estes são modalidades do Estado cristão, isto é, procuram equilibrar a autoridade com a liberdade, a personalidade com a coletividade, sem estrangulamentos nem mutilações de qualquer espécie”. Ovídio da Cunha, Ensaio de Perspectiva da História, 1936.
- “O nosso aplauso ao nazismo e ao fascismo, não reside na aceitação das suas ideologias, porque elas não trazem o sentido de equilíbrio necessário à sociedade moderna”. Ovídio da Cunha, Ensaio de Perspectiva da História, 1936.
- “O fascio buscou a sua base num sentido de grandeza humana — Nietzsche; o hitlerismo, na afirmação de sua superioridade racial; o Integralismo, na mais pura espiritualidade — em Cristo. O primeiro buscando a índole estética no gênio criador do Zaratustra, não foi tão espiritualista, como o Integralismo. […] A afirmação plena da vontade, a audácia, o engrandecimento desmesurado do Estado, quase a sua divinização pagã, primado da ação, vem tornando esses nietzscheanismos políticos hipertrofias do sentido cristão do Ocidente”. Ovídio da Cunha, Ensaio de Perspectiva da História, 1936.
- “Acima dos fascismos pela sua espiritualidade cristã sem eiva de paganismo e cesarismo, pela sua concepção do Estado Revolucionário, dínamo eterno da sociedade, eternamente recompondo os equilíbrios sociais, o Integralismo encarna o espírito do século XX e será a ideia vitoriosa desse século”. Gustavo Barroso, Espírito do Século XX, 1936.
- “Assim como repudiamos o racismo hitlerista, nós nos afastamos do cesarismo italiano”. Miguel Reale, Nós e os fascistas da Europa, Panorama n° 6, abril-maio de 1936.
- “Em meu livro Formação da Política Burguesa, distingui três fases no naturalismo social: a estática, a dinâmica evolucionista e a dinâmica revolucionária. Esta última abrange os Nietzsche e os Sorel. A ela se prendem Lênin de um lado, Mussolini e Hitler do outro, por mais paradoxal que isso possa ser. O Fascismo, do ponto de vista do espírito, é uma expressão transitória”. Miguel Reale, Nós e os fascistas da Europa, Panorama n° 6, abril-maio de 1936.
- “[Aos] nacionalismos dão comumente o nome de ‘fascismos’, por analogia com o fascismo italiano, sem perceberem que a estandardização dessas novas formas de governo não pode ter fundamento, pois existem diferenças essenciais entre os princípios nos quais se baseiam. […] O Integralismo proclama Deus, o primado do espírito sobre a matéria e a intangibilidade da pessoa humana, incompatibilizando-se desse modo com o materialismo ateísta do Comunismo. São essas as principais causas da oposição do Integralismo ao Comunismo. Ora, nós sabemos que esses princípios não são proclamados nem pelo Fascismo nem pelo Nacional-Socialismo […]. Quanto à parte nacionalista vemos que o nacionalismo alemão, de um lado, tem bases racistas […]. O nacionalismo italiano, por sua vez, sem ser racista, é imperialista, não sendo o Integralismo Brasileiro nem uma coisa nem outra. O nacional-socialismo tudo subordina aos interesses da coletividade de sangue alemão, não reconhecendo acima desses, os direitos intangíveis da pessoa humana. Em suma coloca o nacional acima do humano, invertendo a hierarquia natural. O Estado Italiano está aproximadamente nas mesmas condições, não chegando entretanto a querer criar uma religião nacional […]. Quanto ao Integralismo sustenta uma posição diversa, pois ‘faz prevalecer o Espiritual sobre o Moral, o Moral sobre o Social, o Social sobre o Nacional e o Nacional sobre o Particular’ (Diretrizes Integralistas, art. 2º). Vemos claramente pelo artigo estudado que a hierarquia de valores estabelecida pela Doutrina Integralista não coincide com a Fascista ou Hitlerista […]. É perfeitamente explicável que alguns ‘egrégios juristas’ habituados a traduzir Constituições e a aplaudir essas traduções, julguem que o Integralismo é uma cópia de tal ou tal doutrina; o que não está certo é que isso seja repetido por todo o Mundo e principalmente por pessoas que não têm a mínima ideia do que sejam o Fascismo, o Hitlerismo ou o Integralismo”. Carlos Jacyntho de Barros, Nacionalismos heterogêneos, O Integralista, nº 7, junho de 1936.
- “O Integralismo […] colima a instituir no Brasil o Estado Ético Corporativo […], ao invés de inaugurar entre nós o Estado Totalitário, seja do tipo fascista que é hipertrofia do poder, seja do tipo nazista que é puro naturalismo racista”. Alcebíades Delamare, À guisa de prefácio, prefácio a Arthur Machado Paupério e José Rocha Moreira, Introdução ao Integralismo, 1936.
- “Não se veja, entretanto, no Integralismo, um fascismo ou um nazismo mascarado, como o apontam os liberais e os comunistas”. Arthur Machado Paupério e José Rocha Moreira, Introdução ao Integralismo, 1936.
- “Diferencia-se, entretanto, o Integralismo [do Fascismo] de modo radical quanto ao seu regime de governo e à sua concepção de Estado. Quanto ao regime governamental, o Integralismo, ao contrário do que se dá com o Fascismo, apresenta caráter democrático […]. Não é, porém, pelo regime governamental, que mais se afasta o Integralismo do Fascismo, mas, sobretudo pela sua concepção de Estado. O fascismo apresenta uma tendência imanente ao estatismo ou ao que Pio XI chamou estatolatria. Reagindo contra o Estado liberal impotente, caiu o Fáscio no exagero que deveria ter evitado: tornou-se totalitário. […] A concepção do Fáscio parece ter feito do Estado um verdadeiro tabu, um verdadeiro absoluto. […] O fascismo, tirando, por exemplo, da família a faculdade da educação dos filhos e tolhendo a liberdade de associação religiosa, como aconteceu por ocasião do fechamento das associações católicas da juventude, mostra-nos à evidência o caráter absorvente do Estado italiano que devemos a todo transe combater. Esse caráter, que se tornou um verdadeiro endeusamento do Estado, fez do fascismo uma verdadeira religião. […] O fascismo tornou-se, assim, uma verdadeira religião, em tudo digna do naturalismo do século. […] Aliás, “Mussolini tem sempre razão”, já o dizia um dos mandamentos do miliciano fascista. Fetichismo intolerante e intolerável, talvez necessário para uma nova divinização do Estado, à maneira do antigo Império Romano. […] Evidentemente não podemos bater palmas a essa culposa orientação com que se prepara a geração italiana de amanhã”. Arthur Machado Paupério e José Rocha Moreira, Introdução ao Integralismo, 1936.
- “Fascismo e bolchevismo: ditadura contra ditadura. Hitler proclama que os povos têm o direito de conquistar territórios. Mussolini precisa de mais uma província, apodera-se do Império Etíope. A Europa se encontra em estado de selvageria. Temos que civilizar a Europa”. Plínio Salgado, Civilizemos a Europa, A Offensiva, 28 de agosto de 1936.
- “Muita gente ainda acredita e afirma que Integralismo, Fascismo e Nazismo são uma só e mesma coisa, não obstante as afirmações em contrários dos chefes de mais responsabilidade do movimento entre nós. […] O Integralismo não é Fascismo. Integralismo, Fascismo e Nazismo são coisas diferentes”. Oswaldo Gouvêa, Brasil Integral, 1936.
- “Nenhum doutrinador integralista defende a teoria do fáscio. Isso é uma inverdade flagrante e manifesta”. Gustavo Barroso, A Sinagoga Paulista, 1937.
- “Este [Armando Sales de Oliveira] confunde Estado Integral com Estado Totalitário. Ele julga que Fascismo e Integralismo vêm dar no mesmo. Ambos têm camisas. Ora, se têm camisas parecidas, são iguais. Os fundamentos doutrinários, as concepções filosóficas, as arquiteturas sociais, políticas e econômicas, dissemelhantes e até contrários, às vezes, esses não interessam a quem faz programas de superficialidades”. Gustavo Barroso, A Sinagoga Paulista, 1937.
- “Não entrei imediatamente para o movimento, pois como muitos, pensei se tratar de uma cópia do Fascismo italiano ou do Nacional-Socialismo. Após me familiarizar com o Integralismo por dois anos, vi que o Integralismo brasileiro é menos italiano do que a democracia brasileira é inglesa. Transplantar uma doutrina exótica para o Brasil seria o mesmo que desnacionalizar o Brasil. No Integralismo não há espaço para exageros totalitários como no Nazismo, que afinal apresenta tendências materialistas com a sua doutrina racial. Na medida que endeusou a raça, o Nacional-Socialismo criou o ‘Estado-Leviatã’, que subordina tudo — religião, arte, moral — ao fator da raça. Tudo é apenas uma expressão da raça, tudo subordinado ao sangue”. Padre Ponciano Stenzel dos Santos, Warum bin ich dem Integralismus beigetreten, Der Kampf, 3 de fevereiro de 1937.
- “Os recentes movimentos surgidos na Europa — fascismo, hitlerismo, salazarismo — a América repele. Do neopaganismo fascista, endeusando homens, ao endeusamento da raça pelo nacional-socialismo, tudo revelando, ainda, sintoma de cansaço e decadência — a América não pode aceitar”. Adonias Filho, Renascimento do Homem, 1937.
- “Indivíduos leigos, para os quais o estudo é um sacrifício superior às suas possibilidades, destituídos de discernimento, entre outras parvoiçadas que ornejam, figura a de que o Integralismo, o Nazismo e Fascismo são a mesma coisa. Fácil é de demonstrar o absurdo. […] O Integralismo não pode ser confundido com o Fascismo nem com o Nazismo”. A. Tenório d’Albuquerque, Integralismo, Nazismo e Fascismo, 1937.
- “O Integralismo é um Movimento que tendo pontos em contato com o Fascismo e Nazismo, não é no entanto, igual a nenhum daqueles. […] Só confundem os três movimentos, os indivíduos que não os estudaram”. Alberto Silvares, O Comunismo e seu Contra-Veneno, 1937.
- “O movimento de Mussolini, com o seu característico cesarismo, e o movimento de Hitler, com o seu racismo radical, são expressões de uma visão particularista do mundo: são filhos, ainda, do negativismo moderno. […] O homem dos movimentos racistas ou cesaristas mais cedo ou mais tarde se desprende de suas raízes de eternidade, tendendo ao deperecimento gradativo”. Tasso da Silveira, Estado Corporativo, 1937.
- “É necessário acentuar-se aquela diversidade [entre o Integralismo e o Nazi-fascismo], dada a insistência com que os gratuitos inimigos do Sigma acusam de totalitarismo estatal a doutrina integralista. Ora, justamente por serem ainda, no fundo, como o adverte Lamberty, derivações últimas do espírito que criou, alimentou e animou a liberal-democracia — do espírito naturalista, particularista —, é que o fascismo e o nazismo, assim como o comunismo, não sabem distinguir individualidade e personalidade. […] A “concepção totalitária do mundo”, fundamento da doutrina integralista, constitui exatamente o polo oposto de todos esses particularismos lamentáveis. Quem diz “concepção totalitária do mundo” diz, a um só tempo, combate à ideia do “Estado totalitário”. E combate a qualquer pensamento de preeminência racial, no sentido em que a proclama o nazismo”. Tasso da Silveira, Estado Corporativo, 1937.
- “Se o Fascio é estatista, o Sigma é profundamente orgânico, racional, integral, cristão”. Machado Paupério, A doutrina do Sigma e o corporativismo italiano, A Offensiva, 14 de novembro de 1937.
- “A democracia orgânica […] em nada se parece com os regimes do tipo fascista ou nazista”. Plínio Salgado, Carta a Getúlio Vargas, 28 de janeiro de 1938.
- “A organização corporativa italiana [parece] como que uma mobilização social completa em proveito do Estado e de suas empresas. O regime totalitário afirma-se nela de maneira clara e incisiva. […] O fascismo não reconhece a iniciativa privada, tanto que, na sua Carta, ela deixa de ser uma liberdade para se tornar simples meio de realizar o interesse da Nação”. Gustavo Barroso, Comunismo, Cristianismo e Corporativismo, 1938.
- “Na Alemanha e na Itália, […] dois grandes povos renunciaram ao pensamento, para pensar pelas cabeças de dois homens. […] O tempo dirá do delírio desses dominadores e da desgraça desses povos […]. Dando ao seu governo o caráter brutal do totalitarismo que o mundo estarrecido testemunhou, Hitler apossou-se [das] reservas [de ouro] e aplicou-as na fabricação de armas e munições. […] Transferiu dois terços do patrimônio individual para o Estado e fundiu tudo isso em produção de armamentos, incluindo estradas perfeitas, edifícios monumentais, ainda, com objetivos bélicos. Vê-se, pois, como é fácil, a qualquer governo, dar-se o aspecto de empreendedor e de milagroso, no trato administrativo, com tais processos, de assalto à riqueza e à tranquilidade pública. […] Deve-se encontrar o imperativo da guerra na própria estrutura dos Estados totalitários”. Francisco Karam, escrito por volta de 1935, O Estado Capitalista, 1940.
Nazismo
- “[O chanceler austríaco Engelbert] Dollfuss não soube aniquilar a tempo o Nacional-Socialismo do seu país. Esse partido, cuja insurreição está fracassada, mas que teve tempo de privar da vida o defensor da Áustria, não é o portador senão de uma ideia indiferente aos integralistas brasileiros: a união dos países germânicos ao centro europeu. Essa ideia, que se apoia em uma face da política racial, própria do hitlerismo, mas estranha ao Integralismo, não merece nem mesmo de nossa parte qualquer simpatia”. Editorial de A Offensiva (veículo oficial da Ação Integralista Brasileira), 9 de agosto de 1934.
- “O misticismo que na Alemanha se criou sem base religiosa é a própria concepção do Estado Totalitário no seu máximo exagero. É a filosofia nietzscheana que haure energias em Bismarck e finalmente, traduz-se na mística racista, no paganismo em pleno século XX…”. Plínio Salgado, Carta de Natal e Fim de Ano, A Offensiva, 25 de dezembro de 1935.
- “O governo hitlerista está, sem dúvida nenhuma, infringindo as mais sagradas leis naturais e humanas e dando lugar a que os católicos, ciosos do livre arbítrio e da intangibilidade da personalidade do homem e de sua família, se rebelem contra o Estado”. Plínio Salgado, Nacional-Socialismo e Nacionalismo Cristão, A Offensiva, 14 de fevereiro de 1936.
- “O Nacional-Socialismo é um movimento tipicamente Bismarckiano. O seu condicionado não é a revolução social, porém, o Nacionalismo na sua máxima exaltação. Nele predominam de modo imperativo a inspiração de Nietzsche, o sentido político de Frederico II… Os perigos para o Brasil não vêm nunca de um lado só, mas de todos os lados. Alguma coisa morreu no mundo depois da Grande Guerra! Foi o sentido dos direitos… Brasileiros! Não vos iludais!”. Plínio Salgado, A Lição de Addis-Abeba, A Offensiva, 5 de maio de 1936.
- “A crítica que fizemos ao Estado fascista, estendemos ao Estado nazista, cujo espírito totalitário se denota ainda de modo muito mais intenso e revoltante. Ao totalitarismo de Hitler acresce, porém ainda, na Nova Alemanha, a política racista, de fundo profundamente materialista e anticristão”. Arthur Machado Paupério e José Rocha Moreira, Introdução ao Integralismo, 1936.
- “[A] orientação para que se aponte o Integralismo como nazismo tem vários fins e obedece ao mesmo critério que determinou a união dos próprios católicos belgas aos comunistas, para a vitória do governo de transição para o Soviete. […] Toda a guerra contra o Integralismo, que é apontado como nazismo, obedece ao plano de Moscou”. Plínio Salgado, discurso na Rádio Mayrink Veiga, A Offensiva, 4 de agosto de 1937.
- “O estabelecimento do primado da raça germânica sobre todas as raças do mundo — paradoxal expressão, aliás, de um ingênuo messianismo de fundo judaico —, já deu os seus primeiros frutos na dissolução com o colocar-se o espírito religioso a serviço dessa raça e, portanto, do Estado que a personifica. A Alemanha recria os seus deuses pagãos, que a levarão à morte, se ainda uma vez não a salvar o Cristianismo. O totalitarismo estatal não poderia manifestar-se de maneira mais violenta”. Tasso da Silveira, Estado Corporativo, 1937.
Do romance O Cavaleiro de Itararé, 1933, de Plínio Salgado:
- “O momento supremo em que [Müller] se deu conta de quanto era brasileiro, teve-o na própria Alemanha, para onde o mandaram a praticar na arte de fazer boa cerveja. As suas ideias e sentimentos chocaram-se com o racismo nazista que principiava a despontar dos escombros da Grande Guerra, com marchas de camisas-cáqui e propaganda do arianismo a qual proclamava as excelências da super-raça anglo-ianque-escandinavo-germânica. Achou aquilo uma limitação em detrimento do espírito de universalidade dos povos do Novo Mundo”.
Nazismo no Brasil
- “O Governo de Santa Catarina, resolveu o seguinte: desprestigiar o Integralismo e prestigiar o Nazismo. Como se sabe o Hitlerismo tem uma Seção do Exterior. Naquele estado existe uma organização alemã nesses moldes. O Integralismo bate-se contra isso. Está conquistando com grande êxito os filhos alemães para a Pátria Brasileira. Eles cantam em nossas escolas o Hino Nacional e orgulham-se de possuir agora uma Pátria que eles não tinham antes do Integralismo. Em Santa Catarina os Nazistas têm plena liberdade para desfilar; para realizar reuniões e pregar a sua doutrina; os Integralistas não. Por quê? Porque os Nazistas defendem o Ius sanguinis, quer dizer procuram integrar na Pátria Alemã os filhos dos alemães; ao passo que o Integralismo faz o contrário pois mostra com toda a evidência que eles são antes de tudo brasileiros com deveres diretos para com o Brasil. Essa proteção aos Nazistas e a perseguição aos Integralistas visa um fim sórdido de política rasteira”. Plínio Salgado, A Poeira da Estrada, A Offensiva, 27 de maio de 1936.
- “Penetrando o ambiente colonial, o Integralismo foi conquistando, rapidamente, o coração e a Inteligência de todos aqueles que se julgavam brasileiros, enquanto a propaganda racista do hitlerismo apaixonava os velhos colonos que se diziam alemães. Eis, porque, homens como o Dr. Wolfram Metzler veem no hitlerismo um dos maiores inimigos do movimento integralista, dentro da zona colonial. Tudo acontece bem ao contrário do que espalham as agências telegráficas e os jornais que nos combatem. O Integralismo não encontra nenhum apoio no hitlerismo. Pelo contrário, é combatido por ele”. Mário F. de Medeiros, O Integralismo e o Hitlerismo na Colônia, Panorama, julho de 1936.
- “Somos forçados a chamar a atenção nacional para a propaganda Nacional-Socialista em nosso meio [nacional]. […] Felizmente a doutrina racial do Nacional-Socialismo encontrou adversários valiosos e inúmeros no seio da própria colônia teuto-brasileira, onde a questão se acha acesa. É um problema semelhante ao judaico, para o qual nossas vistas devem se voltar”. Anor Butler Maciel, Nacionalismo, 1937.